A Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA), agência responsável pela vigilância sanitária no país, revogou a autorização emergencial de uso da hidroxicloroquina para tratamento de Covid-19. No entanto, o governo confirmou que continuará enviando doses do medicamento para o Brasil.
Donald Trump foi questionado sobre o assunto por uma repórter da TV Globo em uma coletiva nesta segunda-feira (15). Segundo ele, o governo brasileiro pediu por isso, portanto o remédio continuará sendo enviado. Trump, que sempre foi um entusiasta da droga, também ressaltou que tomou o medicamento por duas semanas sem transtornos.
No fim de maio, foi noticiado que os Estados Unidos enviariam ao Brasil 2 milhões de doses do medicamento para auxiliar no combate à Covid-19. O anúncio coincidiu com o momento em que o Ministério da Saúde, já sob o comando interino de Eduardo Pazuello, ampliou o protocolo de utilização da droga, visando sua distribuição também para pacientes assintomáticos ou com sintomas leves, com finalidade profilática.
Na visão da FDA, no entanto, o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina não se justifica mais. Ao definir o uso emregencial da droga, a agência dava aos médicos a liberdade de ministrar o remédio mesmo sem comprovação, ainda que o paciente não fizesse parte de nenhum estudo clínico. A decisão havia sido embasada em um pequeno estudo francês que dava indícios positivos, mas a maioria das pesquisas publicadas até então mostra que não há qualquer melhoria em tempo de internação ou redução de mortalidade.
“Resultados de um grande ensaio clínico randomizado com pacientes hospitalizados, população similar à população para a qual a cloroquina e a hidroxicloroquina foi autorizado em uso emergencial, demonstrou que a hidroxicloroquina não apresentou benefícios em mortalidade ou aceleração de recuperação. O resultado foi consistente com outros dados novos, inclusive dados mostrando que as dosagens sugeridas têm pouca probabilidade de matar ou inibir o vírus que causa a Covid-19. A totalidade das evidências científicas disponíveis indicam falta de benefícios”, diz o comunicado da FDA.