Tóquio 2020: governo japonês quer incentivar pagamentos digitais

Pode parecer estranho, mas as tecnologias de pagamento não são bem aceitas no Japão. A ideia é que a Olimpíada ajude a mudar esse cenário
Roseli Andrion17/09/2019 21h18, atualizada em 17/09/2019 21h26

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Falta menos de um ano para a Olimpíada de Tóquio 2020. Para ser exata, faltam 310 dias para que o maior encontro esportivo do planeta leve atletas das mais diversas modalidades para o Japão. E muitas empresas trabalham para tornar essa festa única.

Essa deve ser a Olimpíada mais inovadora de todos os tempos. Isso significa que há muitos desafios a enfrentar. Um deles está relacionado aos meios de pagamento digitais: apesar de o país asiático ser bastante evoluído no segmento de tecnologia, boa parte das transações comerciais ainda envolvem dinheiro em espécie.

No Japão, a preferência (e, algumas vezes, a única opção) é sempre pelo papel moeda. É um traço cultural da sociedade japonesa — ou seja, algo bastante difícil de mudar. O governo local criou até um grupo no Ministério da Economia, Comércio e Indústria (Meti) para estudar o contexto e propor soluções.

O objetivo do governo é que 40% dos pagamentos sejam feitos sem dinheiro em espécie até 2025 — ano da Expo em Osaka. Hoje, estima-se que 24% das compras sejam pagas de forma eletrônica (com cartões de crédito e débito, bem como com outras formas de pagamento digital, como aproximação e QR Code, por exemplo).

Os Jogos Olímpicos, então, prometem ser uma boa oportunidade para expandir o uso dos pagamentos digitais no país. Pelo menos é nisso que a Visa, que é parceira mundial de tecnologia de pagamento dos Jogos Olímpicos, acredita.

A empresa afirma que já prepara uma série de experiências de pagamento inovadoras para atletas, visitantes e cidadãos. Segundo Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa do Brasil, o país asiático já mudou bastante e tem incorporado as soluções digitais progressivamente. “Nas grandes cidades, a aceitação vem crescendo.”

Pesquisas indicam que as transações passaram de menos de 20%, em 2016, para 24%, em 2018. Apesar disso, há quem more no Japão e duvide que, em 2020, na Olimpíada, o cenário seja muito diferente do que é hoje. “Tente pagar com cartão no Daidokoya [tradicional restaurante japonês do bairro de Shibuia, em Tóquio]”, brinca Victor Izawa, um brasileiro que mora nas redondezas há quase 15 anos.

Para Izawa, não é possível tornar a capital japonesa mais receptiva aos pagamentos digitais em tão pouco tempo. “Todo o Japão, então, pior ainda.”

Ações de incentivo

Para incentivar a adoção das tecnologias de pagamento, a Visa vai oferecer opções de última geração em arenas, na Vila Olímpica e em todo o país asiático. “Estamos planejando experiências que terão impacto duradouro”, diz Stephen Karpin, diretor representante e country manager da Visa no Japão.

Estima-se que, em 2020, o Japão receba 40 milhões de visitantes — a maioria deles durante os Jogos Olímpicos. Para ampliar o uso das tecnologias, a Visa tem buscado modernizar e implantar terminais aptos a receber pagamentos por aproximação em estabelecimentos comerciais dos mais variados segmentos.

Não é a primeira vez que a empresa atua no sentido de incentivar o uso de soluções inovadoras. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, por exemplo, os atletas patrocinados pela empresa receberam um anel que permitia pagamentos por aproximação. Para Tóquio 2020, a companhia pensa em usar, entre outros, biometria na autenticação de pagamentos.

Será que os japoneses vão abandonar as convicções relacionadas ao uso de dinheiro em espécie e, de fato, acolher as novidades digitais? Daqui a 310 dias já teremos algumas respostas. O Olhar Digital está acompanhando toda essa movimentação. Continue com a gente!

Colaboração para o Olhar Digital

Roseli Andrion é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital