Testamos: usar o Allo é como ter o Google em todas as suas conversas

Redação20/09/2016 18h36, atualizada em 21/09/2016 07h16

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O Google lançou hoje o Allo, o seu aplicativo de mensagens instantâneas que concorre com o WhatsApp. O principal diferencial dele é o assistente @google, com o qual é possível conversar a partir de qualquer conversa, e que funciona como uma espécie de buscador embutido no app de conversas.

Essas funcionalidades vêm ao custo de sigilo, já que, por padrão, o app não usa criptografia – para o bem ou para o mal, usar o Allo é como ter o Google no meio de todas as suas conversas. Não há como negar, porém, que os recursos que ele oferece são bem úteis e divertidos. O Olhar Digital teve a oportunidade de testar a novidade, a convite do Google, para saber se esses recursos valem a pena.

Usabilidade

Registrar-se no Allo é extremamente fácil. Se você usa Android, como o dispositivo já está configurado na sua conta do Google, não é preciso fazer quase nada para começar a usar o app. Você só precisa fazer um breve perfil (basicamente só confirmar seu telefone e tirar uma selfie) para começar a usar o app, que então já sugere seus contatos para você conversar. Não tivemos a oportunidade de testar o aplicativo em iOS, mas não deve ser muito diferente.

As conversas no Allo têm basicamente todos os recursos que os usuários esperam de um app de mensagens – e até alguns a mais. É possível conversar por meio de emojis, de stickers, de fotos e de vídeos. As fotos, por sua vez, ainda têm algumas opções de edição semelhantes às do Snapchat: dá pra desenhar nelas e incluir texto:

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Uma possibilidade um pouco diferente que o Allo tem é a de alterar o tamanho de suas mensagens. Ao clicar e segurar no botão de enviar mensagem, é possível deslizar para cima (para aumentar o tamanho da fonte) ou para baixo (para diminuí-la). Pode parecer pouco, mas esse recurso dá aos usuários do app a possibilidade de expressar nuances de entonação e de significado – algo raro e extremamente difícil de se fazer em aplicativos de mensagens instantâneas.

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Todos esses recursos não são apenas acessíveis, como também são fáceis de se utilizar e rápidos de se aprender. Os ícones que o app usa para indicar os recursos que tem disponível são bastante intuitivos, de maneira que, quase sem nenhum tipo de tutorial, você já consegue sair usando basicamente tudo que o Allo tem a oferecer. Nesse aspecto de design, o aplicativo é quase imbatível.

@google

O principal recurso do Allo, por sua vez, é o assistente @google, que pode ser acionado a qualquer momento. Se o Telegram e o Messenger têm bots, o Allo por sua vez só tem um bot, mas esse bot é o Google. Além de estar disponível separadamente para “conversar” em uma conversa separada, ele também pode ser chamado a qualquer momento no meio de uma conversa com amigos.

Por exemplo: você está marcando de ir almoçar com um amigo. No meio da conversa, você pode escrever “@google me mostre alguns restaurantes aqui perto”, e o assistente puxa sua localização e já mostra, na própria conversa, sugestões de restaurantes. Seu amigo também poderá ver as sugestões, o que facilita que vocês escolham um lugar e combinem juntos.

Esse é apenas um exemplo de uso do assistente, mas as possibilidades são praticamente infinitas. Caso você e seu amigos estejam discutindo a velocidade média de uma andorinha africana ou europeia (por qualquer motivo que seja), basta perguntar ao @google que ele poderá ajudar. Qualquer informação de que você precise fica facilmente acessível por meio do assistente.

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Ele também pode ser usado para pesquisar por imagens ou gifs para ilustrar a conversa. Durante nossos testes, não encontramos nenhum problema comparável aos problemas do iOS 10 ao usar o @google para esses fins. No entanto, ele ainda é um pouco menos conveniente de se usar do que o @pic ou o @gif do Telegram, já que é necessário primeiro pedir que o @google te mostre as imagens para, em seguida, publicá-las ou compartilhá-las.

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Conversar diretamente com o @google também é bem divertido. Ele é capaz de fazer uma infinidade de coisas – contanto que você tenha uma conexão boa com a internet. Enviar para ele uma mensagem escrito “random fun” faz com que ele te envie imagens, vídeos ou mesmo links de coisas engraçadas, por exemplo. Dá até pra pedir para ele te mandar diariamente mensagens, vídeos ou imagens fofinhas, divertidas ou engraçadas.

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Importante ressaltar, porém, que ao menos durante o período de testes, o @google nos avisou rapidamente de que seu português ainda estava meio capenga. Por esse motivo, todas as nossas interações com ele foram em inglês. Imaginamos que o português dele estará mais afiado até o lançamento, mas caso contrário, um dos principais motivos para se usar o Allo terá um sério problema.

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Sigilo

Para que o @google possa ser o mais eficiente possível, ele precisa ler todo o conteúdo das mensagens que você troca com seus amigos – o que pode ser um pouco (extremamente) invasivo. Naturalmente, algumas pessoas vão preferir usar os recursos de expressividade do Allo sem que o @google fique lendo tudo que elas escrevem.

Felizmente, para elas o Allo oferece um “modo anônimo”, que usa o mesmo protocolo de criptografia do WhatsApp. Nesse modo, ainda é possível enviar áudios, vídeos, imagens editadas estilo Snapchat (ou sem nada de edição), emojis e stickers.

Aumentar e diminuir o tamanho da fonte também é possível, bem como determinar um tempo máximo de duração para as mensagens. E para fortalecer o sigilo das mensagens trocadas nessas conversas, as notificações dessas mensagens não mostram o conteúdo da mensagem, de forma que elas só podem ser lidas se o smartphone for destravado. Só o @google fica de fora desse modo mesmo.

No entanto, fica claro pela interface do aplicativo que o Google prefere que você não use esse modo. É um pouco contra-intuitivo achar a forma de se iniciar uma conversa anônima, e é necessário permitir que o aplicativo acesse os seus contatos para isso – o que parece ir um pouco contra a própria ideia de se iniciar uma conversa anônima. Ainda assim, o recurso funciona bem.

Conclusão

Não há dúvidas de que o Allo é um aplicativo de mensagens muito legal de se usar. Alguns dos recursos que ele oferece são, de fato, muito bons para se comunicar, e permitem que os usuários interajam de maneiras novas e interessantes. Também não há como negar que o @google é um assistente extremamente útil e diveritido, que você o utilize em conversas com seus amigos, quer você fale diretamente com ele.

No entanto, o Allo enfrenta ainda dois desafios. O primeiro deles se refere a privacidade. Para se popularizar, o aplicativo terá que convencer os usuários de que os recursos que o @google oferece valem a pena abrir mão do sigilo de suas comunicações. Trata-se de uma missão difícil, tendo em vista que o próprio Edward Snowden já recomendou que usuários evitem-no. Mesmo no “modo anônimo”, porém, ele ainda tem mais recursos que o WhatsApp, por exemplo.

Isso, contudo, nos leva ao segundo desafio do Allo: ele é uma novidade que chega em um ambiente já praticamente dominado por outros aplicativos. Mais especificamente, pelos aplicativos do Facebook, o Messenger e o WhatsApp.

O Telegram, que ganha montanhas de novos usuários cada vez que o WhatsApp é bloqueado no Brasil, já mostrou que ser melhor que o WhatsApp não é suficiente para convencer as pessoas a migrar. E o Allo não chega a ser irrestritamente “melhor” que o Telegram, apesar de ter vários recursos a mais.

Ainda assim, fica claro pelos recursos, pela interface e pela usabilidade do Allo que o Google fez absolutamente tudo que pode para incentivar usuários a conversar por meio dele. Usar o Allo não é apenas fácil, como também prático e divertido – ainda que um pouco estranho às vezes por conta da onipresença do @google. A questão que está para ser respondida, porém, é se você terá com quem conversar por meio dele.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital