Testamos o Galaxy J7 Metal: tudo por uma bateria duradoura

Renato Santino03/11/2016 20h40

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Há alguns tempos, a Samsung havia sido esmagada na categoria intermediária pela introdução do Moto G. O aparelho da Motorola se tornou rapidamente dominante no mercado nacional e fez com que a empresa coreana precisasse se mexer para recuperar a posição de destaque entre os aparelhos mais baratos.

Avançando alguns anos até o presente, fomos presenteados com a linha Galaxy J, que começou a recuperar o espaço da Samsung na faixa intermediária, com a ajuda da perda de popularidade do Moto G, que ficou mais caro e perdeu parte do apelo que o mantinho no topo do mercado.

O mais novo exemplar da linha é o Galaxy J7 Metal. O aparelho conta com detalhes metálicos que justificam seu sobrenome, mas o que o faz ser interessante mesmo é sua parte interior.

Bateria para mais de um dia

Reprodução

Por muitos anos, a bateria foi o maior ponto fraco da tecnologia móvel. Celulares dificilmente aguentavam o tranco de mais de um dia de uso. Na verdade, raramente superavam 10 horas sem precisar de uma nova recarga. O avanço das baterias, associado a uma evolução dos componentes internos para consumir menos energia fez com que os limites fossem empurrados para cima, embora ainda estejam longe da era pré-smartphones (os lendários celulares Nokia aguentavam semanas sem recarga).

O Galaxy J7 Metal é um destes aparelhos que equilibram uma bateria com alta capacidade com escolhas inteligentes de componentes que otimizam a duração da bateria. O resultado são mais de 40 horas de uso sem precisar de uma recarga. Isso sem ativar o modo de ultraeconomia, com o qual é possível atingir 80 horas de vida útil, embora esta ferramenta desative vários dos recursos que fazem um smartphone ser smart.

Era um domingo, próximo das 14h. Foi quando tirei o celular da tomada com 100% de bateria pela primeira vez. Era uma segunda-feira, 23h30, quando eu precisei carregá-lo novamente com cerca de 7%. Neste meio período, eu escutei podcasts por meio do fone Bluetooth, naveguei pela internet por Wi-Fi e 3G/4G e até joguei Pokémon Go por mais ou menos uma hora no trajeto casa-trabalho. Meu celular principal é um Nexus 5x e eu sei que jamais conseguiria extrair tamanha duração em uma só recarga, então fiquei positivamente impressionado.

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Muito disso se deve ao fato de que o J7 Metal não tem componentes muito exigentes, sua tela é econômica (falaremos sobre isso mais para frente), além de sua bateria grande de 3.300 mAh. Seu processador de oito núcleos Exynos 7 Octa 7870, produzido pela própria Samsung, foi pensado justamente para otimizar o uso de recursos. A empresa promete economia de 30% de bateria em comparação com outros chips concorrentes; não podemos atestar se esta informação é precisa, mas dá para garantir que de fato ele faz diferença para a duração da bateria.

Em compensação, o desempenho do mesmo processador não é nada estelar. Apesar de rodar alguns jogos sem grandes sustos (o Pokémon Go roda até melhor que no meu Nexus 5x), o celular é condizente com seu preço intermediário e compatível com outros modelos da faixa intermediária, como o Moto G4 Plus. Abaixo os resultados do J7 Metal em três benchmarks: AnTuTu, 3DMark e Geekbench.

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Design

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O nome do aparelho diz o que ele tem de especial: metal. O aparelho é revestido de uma camada metálica em suas bordas, e é basicamente isso. Assim, o smartphone se diferencia um pouco dos restantes da linha Galaxy J, que contavam com um cromado falso nas bordinhas que além de não ser muito elegante, ainda colaborava para tornar o celular escorregadio na mão.

Fora isso, o J7 tem todas as características de celular genérico da Samsung, que a empresa aplica a (quase) todos os aparelhos que não estão no rol dos tops de linha como S7 e o finado Note 7. Botão home físico acompanhado de botões capacitivos para voltar e acessar os aplicativos abertos, capinha traseira (que não é de metal, ao contrário do que o nome do celular diz) removível que dá acesso à bateria, que também pode ser removida livremente.

Vale observar que o aparelho que testamos tem uma cor que lembra um pouco o “ouro” do iPhone, que nós julgamos bastante brega, tanto no iPhone quanto no J7. Claro que isso é uma questão muito subjetiva e deixamos a decisão sobre a estética e cores por sua conta, mas particularmente eu não gostei muito.

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Câmera

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Nos últimos anos, foi possível observar um avanço significativo na categoria de smartphones intermediários, e muito disso se deve à necessidade de reinvenção das marcas para lidar com o avanço do Moto G. Infelizmente, algo que as empresas nunca foram capazes de solucionar muito bem foi a questão das câmeras; para ter um celular capaz de fotos realmente boas, você precisa gastar mais.

O Galaxy J7 Metal não é muito diferente neste aspecto. Com sua câmera traseira de 13 megapixels, ele faz fotos satisfatórias em condições boas de iluminação, capturando um bom nível de detalhes, mas puxando as cores mais para o frio, mas vai sofrer quando não houver muita luz, mesmo com uma abertura de lente maior que da concorrência, com f/1.9. Na média, não é muito diferente do que eu senti quando experimentei o Moto G4 Plus, por exemplo, embora seja um bom desempenho para o nível intermediário. O foco automático também passou a impressão de ser um pouco lento.

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A Samsung também optou por oferecer o modo “Pro” neste celular, mas para quem já experimentou algo como as opções do S7, a opção decepciona um pouco. O top de linha da empresa dá controle total sobre a foto, e é realmente admirável; no J7 Metal, as ferramentas são muito mais limitadas, deixando mexer de leve no ISO, na compensação de exposição e no balanço de branco, sem permitir mexer, por exemplo em tempo de exposição. Claro, estamos comparando o J7 com um celular que custa o dobro, mas mesmo assim poderia haver maior nível de ajustes nas fotos.

Outros recursos suportados pela câmera que podem dar uma mãozinha nas suas fotos são o HDR, que funciona bem, mas é bastante lento e exige um pulso firme para a foto não sair tremida, o modo Esporte, que faz imagens com o menor tempo de exposição possível, o modo Noturno, para compensar a iluminação ruim, e o “Foto seq.”, também conhecido como Burst, que faz várias imagens em sequência.

A câmera frontal conta com um detalhe peculiar da linha J, que é o flash. Recentemente este recurso se tornou mais comum entre aparelhos de entrada e intermediários, mas os Galaxy J foram alguns dos primeiros a aparecerem com esta possibilidade, que facilita as fotos em ambientes como bares que não prezam por boas condições de luminosidades. De um modo geral, o sensor de 5 megapixels funciona bem para suas selfies, especialmente em espaços bem iluminados.

Tela

Como citei anteriormente, tudo no Galaxy J7 parece ser feito para economizar bateria, e a tela é um destes aspectos. Mesmo sendo um celular grande, com painel de 5,5 polegadas, a Samsung optou por aplicar uma resolução apenas 1280×720 ao celular, o que está longe de ser impressionante, mesmo para a categoria em que se encaixa.

Temos, por exemplo, o Moto G4, com uma resolução Full HD em uma tela do mesmo tamanho custando o mesmo preço. Mas existe um twist nesta questão: menos pixels a serem preenchidos significa menos energia consumida, mesmo que a tela seja grandona.

Ou seja: assistir aos seus vídeos no Galaxy J7 Metal não será o mesmo espetáculo visual que no Moto G, mas a atividade também deverá consumir menos bateria. Aí vai depender da sua preferência.

Um detalhe importante, no entanto, é que a Samsung colocou no aparelho um painel Super AMOLED, que tem uma característica que também colabora para a economia de energia. A tecnologia possui uma vantagem sobre o LCD/LED que é não acender os pixels pretos, o que também ajuda a poupar bateria.

Em relação a outros aspectos além da quantidade de pixels, é importante notar que este é um aparelho da Samsung. Como tal, ele tem um diferencial, que é o de todas as cores sempre estarem bastante saturadas, com muito contraste e com altos níveis de brilho, ainda contando com a possibilidade de ativar o modo Externo, que reforça ainda mais o brilho para facilitar a leitura quando o usuário está debaixo de um sol forte.

Então, se você não vai poder ver seus filmes em 1080p, pelo menos você pode ler qualquer coisa na tela mesmo que esteja sob um sol digno do deserto do Saara.

Software

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Como de costume, o comprador de um celular Samsung precisa estar ciente de que o aparelho virá equipado com a TouchWiz, que não é exatamente a melhor experiência Android que se pode ter, embora ela tenha as suas vantagens, mais precisamente quando se trata de recursos adicionais.

No caso do J7, ela roda sobre o Android 6.0.1, ainda sem previsão de atualização para a versão 7.0, mas já com alguns recursos bacanas, como o modo de de economia de bateria (dá para arrancar até 80 horas de uso do celular se você aceitar podar várias de suas funcionalidades) e o Google Now on Tap, lançado no Brasil com o apelido de “Now a um Tap”.

Esteticamente falando, a TouchWiz é a mesma de sempre, com a vantagem de ser bastante personalizável, com várias opções de layouts prontos. A área de notificações é bastante carregada, como habitual, com a opção de ajustar quais são seus atalhos favoritos, o que é algo bem-vindo.

O ponto positivo é que o software da Samsung não é mais tão pesado quanto já foi no passado, e não interfere mais tanto no desempenho do celular. O ponto negativo é que ainda há mais apps pré-instalados do que deveria, especialmente com os apps do Office, da Microsoft, que ocupam um espaço significativo do armazenamento do celular. Há também vários apps da Samsung que poderiam não estar lá e o Opera Max, que funciona como VPN para economizar dados celulares. O ideal é sempre dar a opção do usuário instalá-los ou não.

Conclusão

Encontrado no mercado por R$ 1,3 mil (o preço sugerido pela Samsung é R$ 1,6 mil), o Galaxy J7 Metal é um aparelho interessante para quem quer fugir do Moto G4 e do Moto G4 Plus, e conta com uma câmera com desempenho satisfatório para um celular intermediário. Seu principal destaque, no entanto, vai para a resiliência de sua bateria, que aguentou quase dois dias inteiros de uso normal contando com um pouco de Pokémon Go, que é um game que desperdiça bateria aos borbotões.

Essa superbateria vem graças a algumas decisões de design que acabam limitando um pouco o celular, que tem um processador com desempenho razoável, mas que poupa energia, uma tela de resolução menor que a média e tecnologia Super AMOLED, o que também economiza bateria.

No entanto, com este preço, o aparelho também compete com o recém-lançado Zenfone 3, que é basicamente superior em tudo com um preço muito próximo (R$ 1,5 mil à vista). A menos que você realmente não possa abrir mão dos R$ 200 a mais, o aparelho da Asus é uma opção melhor.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital