Testamos: Moto G5s Plus é um dos melhores intermediários no Brasil

Renato Santino26/09/2017 20h55, atualizada em 26/09/2017 21h20

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Quando a Motorola anunciou no início do ano a quinta geração do Moto G, nós do Olhar Digital não ficamos muito convencidos. Meu colega Lucas Carvalho criticou o modelo Moto G5 Plus em vários aspectos, com destaque para o design pouco original, especialmente quando observamos a tonelada de aparelhos iguais que a empresa lançou neste ano, das linhas Moto C, Moto E e Moto G, praticamente todos iguais.

A introdução do Moto G5s e do G5s Plus, com uma geração intermediária entre a quinta e a sexta, pareceu um pouco fora de lugar. Quando mexemos no aparelho, no entanto, é fácil notar que estes celulares são os modelos que a empresa deveria ter lançado já no início do ano.

Acompanhe abaixo os motivos pelo qual o Moto G5s Plus é um dos celulares mais interessantes do momento para quem procura algo na faixa intermediária.

Design

Uma coisa que mudou do Moto G5 Plus para o G5s Plus é a traseira. Embora os dois utilizem o alumínio como material base, é possível ver que houve um refinamento; o aparelho ficou mais fino e plano. A placa traseira deixou de ser removível, o que trouxe o inconveniente de precisar usar a chavinha para trocar o chip ou inserir o cartão de memória.

O aparelho tem uma construção completamente metálica, o famoso “unibody”, o que é uma distinção interessante em relação ao primeiro Moto G5, que era, na verdade, um grande pedaço de plástico com uma fina camada de alumínio.

Na prática, se meu colega definiu a estética da família Moto G5 como a de um celular genérico chinês de R$ 800, é possível dizer sem dúvidas que o Moto G5s Plus tem aparência e refinamento de um celular premium, capaz de fazer frente a celulares significantemente mais caros.

Se há um pecado no design do Moto G5s Plus é o fato de que a Motorola está limitada pela proposta dos snaps da linha Moto Z. Essa ideia limita as opções de design da empresa, uma vez que todos os aparelhos Moto precisam seguir as mesmas linhas estéticas para que os snaps sejam retrocompatíveis com os futuros aparelhos da empresa. Isso acaba afetando também a linha Moto G; neste caso específico, o aparelho é desnecessariamente grande, com bordas enormes ao redor de sua tela de 5,5 polegadas. Chega a ser meio triste colocá-lo ao lado do Q6 Plus da LG, que também tem um display de 5,5 polegadas, mas é incrivelmente menor.

Colabora para esse tamanho todo o fato de que o leitor de impressão digital é posicionado na frente do aparelho. Caso fosse movido para trás, como fazem tantos outros celulares, o modelo poderia ser significativamente menor. Isso dito, o sensor na parte frontal funciona muito bem, de forma rápida e precisa, e possibilita desbloquear o celular com a digital mesmo quando ele está em repouso sobre a mesa.

Um item a ser observado foi a escolha da Motorola por uma entrada micro-USB em vez de USB-C. O Moto G5s Plus é praticamente um Moto Z Play 2016, que tem uma entrada USB-C, que suporta transferências de arquivos e de energia em alta velocidade. A regressão para o micro-USB é incompreensível.

Câmera 

Reprodução

A grande aposta da Motorola com relação à câmera do Moto G5s Plus são as duas lentes traseiras. Existem várias formas de aproveitar o dobro de câmeras: o iPhone, por exemplo, utiliza uma delas para fotos amplas e a outra para zoom; as duas trabalham em conjunto para criar o modo retrato. Já esta versão do Moto G utiliza um sensor convencional e o outro capaz de captar apenas imagens em preto e branco, o que significa que o zoom está fora de questão.

O sensor preto e branco, no entanto, não foi feito para criar um efeito de foto antiga para postar fotos no Instagram. A lente que só registra em escala de cinza é melhor para capturar detalhes e entender melhor a iluminação. Assim, ela pode complementar a foto do sensor principal, tornando as imagens mais bonitas; por meio de software, o celular é capaz de unir as duas imagens e formar uma nova mais rica e detalhada. Além disso, o modo de profundidade também é um efeito interessante.

A câmera dupla é um acerto, sem dúvida. O modo de profundidade consegue replicar o efeito de separação entre objeto e plano de fundo muito bem, o que normalmente só é possível ser feito com câmeras DSLR, que são muito mais avançadas. Interessante também é o fato de que a câmera também consegue fazer um “Photoshop instantâneo” e isolar o objeto da foto e colocá-lo em um fundo transparente, o que possibilita fazer montagens divertidas. Ou seja: você pode fingir estar sob a Torre Eiffel em Paris ou próximo ao Big Bem em Londres sem sair da sua casa.

Tirando esse efeito, a lente dupla também é capaz de registrar boas fotos, ainda que com leve ruído, em situações mais adversas de iluminação graças ao balanceamento proporcionado pelo sensor em escala de cinza. Os efeitos especiais, no entanto, tendem a falhar sob condições desfavoráveis de luz, o que não chega a ser surpresa.

Um outro recurso interessante é o recurso de fotografia “Melhor Imagem”, que captura alguns instantes antes e depois do clique. A ideia é que se a pessoa na foto piscou ou se o objeto saiu tremido, a câmera é capaz de reconhecer o problema e tentar guardar um momento mais adequado.

Isso dito, a câmera do Moto G5s Plus está longe de ser perfeita. Pela sua faixa de preço, ela faz bonito em vários aspectos, mas deixa a desejar em outros. O principal problema da câmera é um desagradável atraso no obturador, que é o tempo entre você apertar o botão e o momento em que os sensores registram a imagem. A demora pode chegar a um segundo, o que é péssimo para fotos em movimento e ainda pode causar tremor na imagem.

A câmera frontal, por sua vez, se vale de um flash frontal para compensar situações de pouca luz, permitindo as selfies mesmo se você estiver em um bar à noite. As imagens são satisfatórias e ainda contam com HDR, o que permite que você, por exemplo, tire uma foto contra o sol sem estourar o fundo ou sair com a cara escura.

Desempenho e bateria

Reprodução

Aqui está um ponto forte do Moto G5s Plus: o aparelho é igual ao Moto Z Play do ano passado e muito próximo do Moto Z2 Play deste ano. Com um processador Snapdragon 625 e 3 GB de memória RAM, o aparelho atende às necessidades da maioria dos usuários, oferecendo um bom desempenho nas principais aplicações utilizadas pelo público.

O Snapdragon 625 é um processador interessante. Ele foi embutido em praticamente todos os intermediários-premium de 2016 por um bom motivo: ele é talvez o chipset que equilibrou de forma mais notável o desempenho, oferecendo poder computacional satisfatório para a maioria das aplicações (apresentando engasgues leves em jogos e outros apps mais exigentes), e bateria, em alguns casos resistindo a até 48 horas de uso com uma recarga completa.

O Moto G5s Plus não chega a ser tudo isso em termos de bateria, no entanto. Se o seu irmão mais velho, o Moto Z Play, era um cavalo e aguentava até dois dias com uma única recarga, ele supera a marca de um dia inteiro longe do carregador, mas não muito mais do que isso. Não chega a ser surpresa, também: o Z Play tinha 3.500 mAh, enquanto o G5s Plus teve a bateria reduzida para apenas 3.000 mAh, resultando em um corpo muito mais fino. Uma decisão questionável.

De qualquer forma, chama a atenção também o carregador TurboPower que a Motorola inclui na caixa do celular. Ele é capaz de carregar bateria suficiente para 6 horas de uso com 15 minutos de recarga, segundo a Motorola. A estatística é um pouco exagerada, mas não totalmente mentirosa: nos nossos testes, alguns minutos de recarga puderam, sim, dar um bom alívio naquela situação de sufoco quando a bateria se aproxima do zero. Isso dito, o aparelho tende a esquentar nessa situação, então talvez não seja sábio usar o supercarregador em todas as ocasiões.

Tela

Reprodução

A tela de 5,5 polegadas concentra uma resolução de 1920×1080, com uma densidade de 408 pixels por polegada, que está bem na média do que o mercado oferece nessa faixa de preço. É uma pena, porém, a escolha por um painel LCD IPS em vez do AMOLED que têm se tornado cada vez mais populares graças à sua introdução na linha Galaxy J de aparelhos básicos e intermediários da Samsung.

O que o AMOLED tem que o LCD não tem? Se você acompanha a tecnologia de telas de celular, a diferença é bem clara, mas nem todos têm esse conhecimento. Vamos supor que a única coisa que você quer exibir é um único ponto branco bem no meio da tela; todo o resto é preto. O AMOLED é capaz de manter todos os outros pixels apagados e acender apenas o pontinho branco no meio do display. Enquanto isso, o LCD precisa acender uma luz de fundo (backlight) que ilumina toda a tela para que aquele pontinho central filtre a luz e exiba a cor branca. Todo o resto da tela fica um cinza escuro.

Isso acaba se refletindo em economia de bateria. Como o AMOLED não precisa acender pixels desnecessariamente, a tela acaba consumindo menos energia. Outras vantagens sobre o LCD incluem um maior ângulo de visão da tela e um maior contraste.

Isso não quer dizer que o LCD seja inferior em tudo. O mesmo contraste alto que é vantagem para uns acaba sendo um ponto negativo para outros, que acreditam que as cores acabam excessivamente saturadas e distorcidas, com o vermelho, por exemplo, se aproximando do laranja. Além disso, o LCD apresenta menos problemas com burn-in e maior brilho, então neste sentido, ponto positivo para o Moto G5s Plus.

Outros recursos interessantes da tela do aparelho são a possibilidade de selecionar entre dois perfis de cores, com maior ou menor saturação e intensidade. O aparelho também oferece um modo noturno, que reduz a luz azul e deixa as imagens mais avermelhadas com o intuito de tornar a leitura mais confortável à noite, irritando menos os olhos e proporcionando uma noite de sono melhor.

Software

O Android puro continua sendo um acerto por parte da Motorola, mas não é possível ignorar o fato de que, sob a batuta da Lenovo, a empresa tem perdido o diferencial de proporcionar presteza máxima na hora de distribuir atualizações do sistema operacional. O caso do Moto G4 Plus do ano passado foi emblemático; o aparelho lançado em 2016 com Android 6.0 recebeu a atualização para o Android 7.0 e só vai receber a 8.0 porque a empresa se enganou no material promocional e acabou prometendo a atualização sem intenção de entrega-la de fato.

Com isso, é necessário ter ciência de que o Moto G5s Plus sai de fábrica com o Android 7.1 e receberá o Android 8.0. Não espere nada além disso.

Atualizações à parte, o produto que sai da caixa é muito bom. A Motorola segue a filosofia de implementar apenas melhorias pontuais no sistema operacional do Google, e elas são bem-vindas. Os gestos como atalhos para acessar recursos como câmera e lanterna do celular facilitam o uso assim que você pega o jeito. A Moto Tela, que destaca notificações na tela e permite acesso fácil a elas também é um diferencial interessante e pode ser desligado se o usuário não gosta dela.

Fora isso, a única coisa que encontramos no aparelho que não está presente em uma instalação 100% pura do Android são os apps de TV digital e Rádio FM, que são adições muito bem-vindas para quem costuma passar muito tempo no transporte público.

O que não convence até hoje, no entanto, é a navegação por gestos no leitor de impressões digitais, substituindo os três botões de navegação padrão do Android. O recurso é confuso, vai contra os fundamentos do Android, leva muito tempo para se acostumar e só libera alguns pixels a mais na tela. Não vale a pena.

Conclusão 

O Moto G5s Plus é um respiro de qualidade em um line-up decepcionante da Motorola para 2017. O aparelho é o Moto G5 Plus que a empresa deveria ter lançado no início do ano, que ficou perdido entre tantos outros modelos intermediários e de entrada praticamente iguais lançados no período. Ou alguém aí sabe de cabeça a diferença entre os Moto C, Moto E e Moto G deste ano?

O aparelho traz bom desempenho graças a um processador de bom nível que equilibra poder computacional e consumo de bateria, uma boa câmera para a faixa intermediária com o diferencial das lentes duplas que proporcionam uma série de efeitos interessantes e boa qualidade de imagens, ainda que o obturador tenha um atraso desagradável.

Na faixa de preço de R$ 1.500, o Moto G5s Plus é um dos aparelhos que merece sua consideração. O modelo ainda tem um dos designs mais elegantes já vistos na linha Moto G, se destacando de boa parte da concorrência nessa faixa de preço.

Ficou interessado no produto? O aparelho avaliado nesse texto pode ser comprado na loja virtual do Olhar Digital, desenvolvida em parceria com o Magazine Luiza. Embora o Olhar Digital possa receber uma comissão nas vendas da loja virtual, a parceria com o Magazine Luiza não tem influência alguma sobre o conteúdo editorial publicado. Além disso, a disponibilidade do produto e o preço cobrado são de responsabilidade do Magazine Luiza.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital