No ano passado, a Apple abriu uma ação judicial contra um ex-funcionário, acusando-o de roubar informações sobre um projeto secreto de carros autônomos. Nesta semana, a Tesla iniciou um processo semelhante, também contra um ex-funcionário. O curioso é que ambos os casos estão relacionados à startup chinesa de carros elétricos, Xiaopeng Motors.
Aparentemente, os dois trabalhadores coletavam informações a mando desta empresa chinesa, com o intuito de ajudar na criação de carros autônomos e fazer a Xiaopeng crescer. Entenda o caso.
A conexão com a Tesla
Os fundadores da companhia chinesa já haviam afirmado anteriormente que as criações da Tesla tiveram um grande impacto sobre eles e, inclusive, a abertura de alguns códigos da Tesla para uso geral foi uma das motivações para o nascimento da Xiaopeng.
Eles chegaram até a desmontar carros da empresa de Elon Musk para entender o funcionamento e usar de modelo para a construção de seus automóveis. Conforme nota da própria Tesla no processo, a Xiaopeng “projetou seus veículos em torno das patentes de código aberto da Tesla e imitou o design, a tecnologia e até mesmo o modelo de negócios da Tesla”.
Os advogados da Tesla também afirmam que a chinesa lançou o X-Pilot, um software muito parecido com o Autopilot, da companhia norte-americana, de código confidencial. Além disso, eles dizem que a startup emprega pelo menos cinco ex-funcionários da Tesla, incluido aquele que já responde por processo.
A conexão com a Apple
A relação da XPeng com a Apple é um pouco menos clara do que com a Tesla. Porém, de acordo com James Andrew Lewis, pesquisador sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, é muito comum que empregados chineses quando decidem sair das empresas do Vale do Silício, levem consigo informações confidenciais de volta ao país de origem.
Depois dos procuradores prenderem o ex-funcionário da Apple, Xiaolang Zhang, com mais de 40GB de conteúdo relacionado ao projeto secreto de carros autônomos, eles ficaram sabendo a partir do próprio acusado sobre as intenções dele de conseguir um emprego na Xiaopeng Motors.
Entretanto, ainda não estava claro se ele já havia conseguido a vaga, até que a startup confirmou que Zhang havia começado a trabalhar para a companhia.
A Xiaopeng Motors
Vale pontuar que a empresa não é alvo de processos, apenas os respectivos ex-funcionários. Guangzhi Cao, acusado pela Tesla, não está sendo processado criminalmente. No seu caso, portanto, ele ainda é um empregado da XPeng. Enquanto a empresa de Musk afirma que o ex-funcionário roubou milhares de segredos e códigos fontes do Autopilot, a Xiaopeng não é citada como réu.
Em declaração ao portal de notícias The Verge, a companhia chinesa afirmou que possui uma política que não apoia ou incentiva atitudes como a do Sr. Cao e não estava ciente de má conduta. No caso da Apple, a startup deu declaração similar e disse que não aprova o uso indevido de direitos autorais:
“Zhang assinou os documentos de conformidade de propriedade intelectual em seu primeiro dia na empresa, no início de maio. Os registros mostram que ele não reportou nenhuma informação sensível ou violadora”, disse em comunicado.
Relação com acusações de ataques patrocinados pelo governo chinês
Aparentemente, não existe uma relação direta com outras acusações de ataques patrocinados pelo governo chinês. Acredita-se que os casos têm mais relação com a maior abertura para produção de carros por empresas não estatais na China, gerando uma certa pressão no mercado.
A Xiaopeng Motors cresceu rapidamente na China, em um campo relativamente superfaturado de automóveis: Levando em consideração o modelo econômico do país, é difícil acreditar que a empresa tenha atuado sem qualquer relação com o governo local. Ou seja, para conseguir financiamentos e empréstimos, é possível que tenham sido levadas em conta as novs tecnologias que a companhia conseguiu trazer para a sua nação.
Assim, para o pesquisador James Andrew Lewis, o Estado poderia sim estar incentivando ou pelo menos fechando os olhos para esses casos de violação de propriedade intelectual.
Fonte: The Verge