Uma mostra que homenageia um naturalista alemão do século 19 uniu pesquisa cientifica e arte no Museu Smithsonian de Arte Americana em Washington D.C., nos Estados Unidos. Com o fóssil de um mastodonte como destaque, a exposição “Alexander von Humboldt e os Estados Unidos: Arte, Natureza e Cultura” inclui mais de 100 pinturas, esculturas, mapas e artefatos relacionados ao trabalho do pesquisador. E como o museu está fechado por causa da Covid-19, você pode conferir a exibição com um tour virtual preparado pelos curadores.

A exposição se propõe a examinar o impacto de Humboldt em cinco esferas do desenvolvimento cultural norte-americano: artes visuais, ciências, literatura, política e exploração. Humboldt viveu 90 anos (de 1769 a 1859), publicou mais de 36 livros e viajou por quatro continentes documentando a vida vegetal, geologia, climas, povos e descobrindo a localização do equador magnético.

Em 1804, depois de viajar quatro anos na América do Sul e no México, Humboldt passou seis semanas nos Estados Unidos, e mesmo nesse curto período influenciou figuras como o Presidente Thomas Jefferson e o artista plástico Charles Willson Peale.

O mastodonte é um símbolo disso. De volta aos EUA pela primeira vez desde 1847, o fóssil foi exumado sob a orientação de Peale, “representando uma interseção entre arte, cultura e ciência”, explica a curadora do museu, Eleanor Jones Harvey. O naturalista ainda era um entusiasta da multidisciplinaridade, e acreditava que “os artistas precisam ter formação científica suficiente para saber o que estão pintando, e os cientistas devem manter um senso de maravilha estética para apreciar enquanto colecionam”, completa Harvey.

Humboldt ainda orientou muitos jovens cientistas e acumulou uma vasta rede de admiradores e colaboradores através de cerca de 25 mil cartas. Pode se dizer que foi um precursor do “Open Source”, já que muitas vezes pediu a outros pesquisadores que compartilhassem as descobertas como um meio de acumular dados para provar sua teoria da “unidade da natureza”: que tudo no planeta é interconectado.

O alemão pode ter sido também um dos primeiros a alertar sobre as mudanças climáticas, observando que a devastação das florestas na Venezuela mudou o clima local. “Ele é realmente um dos últimos grandes cientistas do iluminismo e um dos primeiros grandes cientistas modernos”, acredita Harvey.

Para o presidente de área de paleontologia do Museu Nacional de História Natural do Smithsonian, Hans-Dieter Sues, a maioria dos cientistas atuais “tende a se concentrar em mudanças ecológicas específicas sem considerar a complexa rede de interações entre seres humanos e o meio ambiente”. Os ambientalistas também se concentram demais na preservação de uma espécie específica, “em vez de adotar uma abordagem mais integrada que também considere os seres humanos”.

“Há uma necessidade urgente de uma perspectiva humboldtiana, se quisermos entender e enfrentar a crise sem paralelos que a nossa espécie enfrenta agora”, escreveu Sues no prefácio do catálogo da exposição.

Humboldt inspirou muitos artistas a fundamentar seu trabalho na natureza, incluindo alguns dos maiores pintores de paisagens da época, como Albert Bierstadt, Karl Bodmer, George Catlin, Frederic Church, Eastman Johnson, William James Stillman e John Quincy Adams Ward, entre outros – todos com obras presentes na exposição.

Via: Smithsonian Mag