Apesar de parecem muito distantes do dia a dia na Terra, as tecnologias espaciais têm sido precursoras de soluções para os problemas cotidianos. Um exemplo dessa combinação é um sistema de armazenamento de energia avançado que futuramente poderá ser empregado em hospitais, principalmente nas unidades de terapia intensiva (UTI) e em cirurgias assistidas por robôs.
Quem prevê o uso dessa tecnologia espacial em momentos que exigem máxima precisão é Maurício Salles, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e membro do Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas (IEEE), organização técnico-profissional dedicada ao avanço da tecnologia em benefício da humanidade. “Pode-se pensar no uso desses sistemas em cada equipamento de uma UTI, a fim de evitar que a queda de energia interrompa o funcionamento dos aparelhos e cause danos ao paciente”, explicou Salles.
O sistema de armazenamento de energia avançado é empregado no espaço para evitar a interrupção do funcionamento de equipamentos e robôs durante explorações na Lua e em Marte. Com alguns ajustes, a mesma tecnologia poderá conferir confiabilidade às cirurgias robóticas, as quais são principalmente destinadas ao tratamento de doenças no coração, tórax, sistemas gástrico, urológico e reprodutor.
Em estado sólido, o sistema será parecido com baterias de lítio. Imagem: Petrmalinak/Shutterstock
Salles ainda contou que, apesar de ser um sistema de alta densidade de nível espacial, a tecnologia se parecerá com uma pilha pequena, “só que mais gordinha, como são as de íon de lítio de hoje”. No decorrer do tempo, diversos materiais diferentes foram utilizados na construção do sistema de armazenamento, mas, agora, uma forma mais segura está em desenvolvimento – daí a semelhança com as baterias que já conhecemos. “Essa nova tecnologia será de estado sólido. Desta forma funcionam de maneira mais segura porque não são inflamáveis”, disse o engenheiro.
Em estado sólido, o sistema de armazenamento poderá manter celulares e notebooks funcionando por até três dias sem a necessidade de recargas. Para Salles, a tecnologia estará disponível já em 2021.
Via: SPMJ