Saiba o que significa o cadeado que agora aparece no WhatsApp

Renato Santino05/04/2016 16h40

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A criptografia do WhatsApp já arrumou muitos problemas no Brasil, e a tendência é que isso só piore. A partir desta terça-feira, 5 de abril, a empresa está implantando criptografia em todas as formas de comunicação oferecidas pelo aplicativo, o que deve dificultar ainda mais o trabalho das autoridades pelo mundo, mas também vai dificultar a vida de cibercriminosos.

A novidade vale para todas as versões do aplicativo, em todas as plataformas. Ou seja: não importa se você usa Android, iOS, Windows Phone, BlackBerry ou até mesmo um celular antigo da Nokia. O aplicativo até mesmo começou a avisar sobre a proteção das conversas, como mostra a captura abaixo.

Reprodução

Como já explicamos nesta matéria, o WhatsApp usa um protocolo de segurança chamado TextSecure, que se propõe a impedir a interceptação de mensagens, desenvolvido pela Open Whisper Systems, habilitando apenas o recipiente da mensagem a decifrá-la. O protocolo é aprovado por Edward Snowden para proteção de conversas online.

A mudança significa que todas as mensagens, anexos, imagens, clipes de áudio, chamadas telefônicas e conversas em grupo saem do celular protegidas por criptografia de ponta-a-ponta. Anteriormente, a proteção era limitada a alguns formatos de comunicação; as ligações, por exemplo, não eram criptografadas.

No caso das conversas em grupo, é importante observar que todos os usuários precisam estar com o aplicativo atualizado para que o bate-papo seja protegido. Se um deles estiver rodando uma versão antiga do app, que ainda não suporte a criptografia, os outros usuários serão notificados, e saberão quem é o responsável pela conversa estar desprotegida.

A criptografia forte começou a ser implantada em 2014, mas ainda restrita, funcionando apenas com alguns dispositivos e em situações específicas. Agora vale para tudo. Além disso, os usuários também não sabiam exatamente quando o recurso estava ativo ou não, o que tornava a tecnologia pouco confiável do ponto de vista dos mais conscientes da privacidade digital. Desde então, o aplicativo foi gradualmente expandindo a proteção às mensagens para cada vez mais usuários.

Assim, o app deve continuar no caminho de autoridades em investigações policiais. Nos últimos meses, a Justiça brasileira encontrou problemas com o serviço, que não só não guarda as mensagens dos usuários como também as codifica, tornando inviável recorrer a elas no caso de uma investigação criminal. Isso fez com que o aplicativo fosse temporariamente bloqueado no país no ano passado e causou a prisão de um executivo do Facebook. Ao mesmo tempo, a criptografia é indispensável para garantir a segurança do conteúdo das mensagens, para garantir que ela não seja interceptada pelo cibercrime ou mesmo por espionagem ilegal.

No entanto, não é só o Brasil que enfrenta problemas com a criptografia. Recentemente, o FBI entrou em uma batalha jurídica com a Apple nos Estados Unidos pelo desbloqueio do iPhone de um terrorista envolvido no ataque em San Bernardino, na Califórnia. O FBI pedia que a empresa propositalmente enfraquecesse as defesas do iPhone, enquanto a empresa se negava terminantemente a cumprir a ordem. No fim das contas, o FBI conseguiu hackear o aparelho sem a ajuda da companhia.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital