Um dos destaques do mais recente evento da Apple foi um sistema que não é um iPhone nem um iPad. Trata-se do Liam, o robô criado pela empresa para demonstrar iPhones que chegaram ao fim de sua vida útil. Seu propósito é dar um fim mais digno aos componentes do celular do que um lixão a céu aberto, onde ele irá causar um estrago ambiental gigante graças aos materiais tóxicos.
Liam, ao contrário do que todos pensaram inicialmente, não é um sigla. Em contato com o site Mashable, os engenheiros revelaram a origem do nome, e ele não tem sentido algum. Uma pequena equipe de engenheiros nomeou o robô no início do processo de desenvolvimento, e o nome pegou. A Apple diz que “o robô parecia com um Liam” e ficou assim mesmo.
O robô é enorme e não tem absolutamente nada de antropomórfico, sendo, na verdade uma grande linha de montagem. Ele conta com 29 braços especializados, cada um fazendo uma tarefa diferente para a desmontagem total. Alguns braços contam com brocas, outros com chaves de fenda e ventosas.
Um funcionário coloca vários iPhones em uma esteira, que consegue receber até 40 unidades por vez. A primeira parte do processo inclui a remoção da tela do restante da casca traseira. A esteira leva o aparelho para outra parte, onde a bateria é removida. Nesta parte, existe um risco real de que as baterias sejam danificadas ou perfuradas, o que poderia ser perigoso para operadores humanos, mas não para um robô.
Conforme o desmanche acontece, as peças são coletadas de várias formas diferentes. Os parafusos são sugados por tubos e armazenados separadamente. A bandejinha do cartão SIM é jogada em um balde sob o sistema.
A cada parte da desmontagem, tablets mostram como foi o processo. Caso a desmontagem de um componente não tenha o sucesso esperado, a telinha mostra que houve um problema. Também é observado o caso de uma bateria ser aquecida, o que poderia causar um princípio de incêndio. O sistema observa todas as questões.
A desmontagem completa de um iPhone é concluída muito rapidamente, em apenas 11 segundos, enquanto vários aparelhos passam pelo sistema simultaneamente. A empresa espera concluir os trabalhos em 350 iPhones por hora, com 1,2 milhões de unidades desmontadas por ano.
O processo tem como objetivo separar cada peça, de diferentes materiais, para que o vidro da tela não se mistura com o cobre ou a prata usada nos componentes internos. Depois da desmontagem, estes materiais podem ser vendidos para empresas ou organizações especializadas no reaproveitamento de materiais como níquel, alumínio, cobre, cobalto e tungstênio. Este último metal, usado nos sistemas de vibração dos aparelhos, é especificamente mais importante de ser reciclado, porque ele é considerado um mineral de conflito, minerado na África e costumam financiar conflitos armados na região, especialmente no Congo.
A empresa espera que o trabalho do Liam também incentive os consumidores a forçar outras empresas a adotarem práticas similares para proteção do meio ambiente, que poderia reduzir a exploração dos recursos naturais, que são descartados sem qualquer cuidado depois que o smartphone perde a utilidade alguns anos depois de ser lançado.