Um novo estudo publicado na revista Endangered Species Research indica que robôs subaquáticos podem ser uma importante ferramenta para a preservação de uma espécie de baleia ameaçada de extinção. A pesquisa monitorou a subpopulação de cachalotes em três regiões do Mar Mediterrâneo e identificou os hábitos e as estratégias de caça desses mamíferos nos diferentes locais.
O equipamento conta com sistemas acústicos capazes de detectar sinais emitidos pelas baleias cachalotes. No topo do crânio dos animais há um órgão preenchido com uma cera chamada de espermacete. Diferente do que o nome pode sugerir, a substância não está associada à reprodução das baleias. Ela serve para auxiliar as baleias a emitir ondas ultrassônicas capazes de apontar a posição e distância de objetos no meio ambiente.
Robô utilizado para detectar os sinais acústicos de baleias cachalotes no Mar Mediterrâneo
Essas ondas foram captadas pelos robôs submarinos por sensores de monitoramento acústico passivo (PAM). De acordo com os cientistas, as sondas subaquáticas são capazes planar no mar silenciosamente, sem propulsão. O equipamento coletou dados durante o inverno de 2012 e 2013 até junho de 2014, em um raio de 3,2 km. As máquinas foram posicionadas no Mar da Ligúria, no Mar da Sardenha e no Golfo de Leão.
“O estudo demonstrou que a adição de sensores PAM em missões de planadores oceanográficos, com pequenos ajustes, fornece uma oportunidade de monitoramento sustentado da subpopulação de cachalotes no Mediterrâneo durante meses de inverno, para ainda faltam dados para conservação [das espécies]”, diz a conclusão do artigo.
Mudança de hábitos?
A pesquisa ainda observou que houve diferenças nas atividades de caça das baleias Cachalotes nos locais monitorados. No Mar da Ligúria e no Mar da Sardenha, as cachalotes gastam quase que todo o dia em busca de presas. No Golfo de Leão, entretanto, os cientistas detectaram um decréscimo do ciclo de procura por alimentos ao amanhecer, o que sugere mudanças no comportamento dos animais.
O autor principal da pesquisa e cientista da University of East Anglia, no Reino Unido, Pierre Cauchy, disse o jornal Daily Mail que os resultados da iniciativa não são suficientes para concluir os motivos dessa alteração no comportamento das baleias do Golfo de Leão.
As baleias cachalotes estão na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza. Imagem: Reprodução
“Não há evidências que indiquem um padrão claro de alimentação para as Cachalotes. Elas parecem capazes de se alimentar a qualquer momento, desde que haja comida disponível. Em nosso estudo, observar esse padrão diário sugere que algo possivelmente interessante está acontecendo na dieta dos cachalotes nessa área [Golfo de Leão]”, afirmou Cauchy ao tabloide britânico.
De acordo com ele, mais investigações são necessárias para identificar se a queda do ritmo de caça das baleias está relacionada com comportamento de presas ou dos próprios mamíferos. O que se sabe é que as cachalotes costumam se alimentar de polvos, peixes, camarões e caranguejos.
Via: Daily Mail