Review: Sony WH-1000XM2 é bom? Testamos o headphone com cancelamento de ruído

Redação06/09/2018 22h09, atualizada em 09/09/2018 20h00

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Cancelamento de ruído, ou ANC (Active Noise Cancelling, cancelamento de ruído ativo), é uma tecnologia que tem ficado cada vez mais popular em fones de ouvido. O WH-1000XM2 é um headphone over-ear top de linha da Sony que se destaca justamente pelo bom uso desse sistema.

Fones com cancelamento de ruído servem para isolar a música do usuário do excesso de barulhos externos do cotidiano, como o trânsito das grandes cidades ou a turbina de um avião durante um voo. Mas não se engane: por melhor que seja o sistema, ele sempre vai deixar passar um ou outro som.

Eu pude testar o WH-1000XM2 durante algumas semanas e, comparando-o com outros modelos da mesma faixa de preço vendidos oficialmente no Brasil (sem contar os importados), dá para dizer sem sombra de dúvida que este é um dos melhores na categoria de headphones com ANC.

O acessórios é do tipo over-ear, o que significa que a sua concha tende a cobrir toda a orelha do usuário. Digo “tende” porque tudo depende do tamanho da orelha de cada um. No meu caso, a minha orelha toda foi coberta, o que garante, por si só, um bom isolamento acústico, mesmo com o ANC desligado.

A espuma é extremamente confortável e mesmo usando óculos senti pouco desconforto após mais de uma hora de uso contínuo. O problema é que, como todo bom fone over-ear, ele esquenta. Esse tipo de headphone não é feito para ser usado durante muitas horas. Ainda assim, o WH-1000XM2 (vamos chamá-lo só de XM2 daqui em diante?) é bem mais confortável do que muitos concorrentes.

O design dele também é bem caprichado do ponto de vista prático. As conchas se dobram na vertical e na horizontal, facilitando o transporte. Além disso, ele ainda vem com uma bolsa de transporte que pode protegê-lo bem quando dentro da mala ou da mochila.

Os pontos de articulação são bem firmes e não deram sinais de desgaste pelo tempo em que eu o experimentei. O design da Sony também é bem minimalista. Esse não é do tipo de fone que chama a atenção com luzes, curvas e cores – pelo contrário. É bem discreto, com várias partes em plástico que se integram e dão um visual uniforme ao conjunto, como se fosse uma peça só.

Reprodução

Som

Vamos falar do que realmente importa num headphone. O XM2 possui um driver de 40 mm com resposta de frequência variando entre 4 Hz e 40.000 Hz. No Bluetooth 4.1 de até 10 metros de cobertura, essa taxa pode cair para 20.000 Hz. A impedância é de até 46 ohm na conexão sem fio e a sensibilidade chega a 103 decibéis por milliwatt. Ele também usa o codec LDAC, que permite uma transmissão de áudio bem competente durante a maior parte do tempo.

O resultado disso tudo é um fone ANC com excelente qualidade de áudio. Nessa faixa de preço, porém, o “som perfeito” é uma questão de gosto. O XM2 não pesa tanto nos graves, mas possui uma extensão boa o bastante para você conseguir perceber a diferença entre uma nota aguda e um grave do tipo hip-hop, em que o artista faz questão que você sinta o “peso” do beat.

De um modo geral, este fone da Sony destaca aquilo que a música tem de melhor. Mas em filmes e séries, o isolamento acústico e eletrônico pode deixar o áudio mais abafado do que aquilo que a obra originalmente queria transmitir. Isto tem um lado bom, que é o de deixar os detalhes do áudio mais em evidência, ainda que não tão limpos.

O XM2 ainda vem com um cabo de 1,5 metro para que ele possa ser usado mesmo quando a bateria acabar, ou com equipamentos que não possuem Bluetooth – como aquele velho PC do trabalho, por exemplo. As duas pontas do cabo são de 3,5 milímetros, revestidas em ouro. O cabo todo, não só os plugs, são bem resistentes e grossos, de modo que não vão se enrolar com facilidade. Mas não são grossos o bastante para pesar mais que o necessário.

Usando o headphone com fio, o som não muda, nem melhora, nem piora. O que você ganha é mais estabilidade e a certeza de que nada vai embaralhar a transmissão do sinal. Sem falar na bateria, menos exigida tanto do celular quanto do headphone, quando o Bluetooth está desligado. Se o fone tiver bateria, você pode usar o cancelamento de ruído mesmo com fio e funciona normalmente.

Cancelamento de ruído

Como disse anteriormente, não existe ANC perfeito. Não espere colocar um fone de ouvido com cancelamento de ruído na orelha e simplesmente ficar surdo para o mundo. Um ou outro som sempre acaba passando, especialmente fontes agudas de barulho, como vozes ou impactos próximos a você. O isolamento serve para cancelar o ruído, aquela trilha de som desnecessária que te persegue o tempo todo e você nem percebe na maioria das vezes.

Isto vale também para o XM2. Mas diante de um cenário em que a tecnologia ANC ainda não é perfeita, este fone é um dos melhores no quesito. O isolamento acústico da espuma e do design reforçam e muito a tecnologia do software/hardware. Não sobra espaço nenhum para o barulho exagerado passar, como turbinas de avião ou o trânsito do transporte público.

Reprodução

Se você nunca usou um fone com cancelamento de ruído, se prepare porque o do XM2 é intenso e pode causar mal estar e até enjoo em usuários iniciantes. A sensação é comparável à de descer a serra num carro ou ônibus rumo à praia, conforme a pressão atmosférica muda e o seu ouvido fica mais e mais tampado.

Com o tempo, porém, você se acostuma. Com a música tocando, o ANC é quase perfeito. É difícil ouvir qualquer coisa além do Spotify quando o cancelamento de ruído está ligado. Mas se você quiser usá-lo sem música e nem vídeo, só para se isolar do mundo, como dissemos, uma ou outra brecha de som ainda sobra.

Pelo aplicativo Sony Headphones Connect, você pode aprimorar a intensidade do ANC por meio de recurso que diz analisar a “pressão atmosférica” e o nível de ruído no ambiente. No meu caso, esse otimizador fez pouca diferença. Em uma ou outra situação deu para sentir o cancelamento ficando mais exagerado e até um pouco incômodo. Mas, num geral, ele muda pouco.

Recursos extras e bateria

A concha do lado direito do XM2 possui sensibilidade ao toque, o que permite um controle bem intuitivo de tudo o que você puder fazer com ele. Por exemplo: para aumentar o volume, é só deslizar o dedo de baixo para cima no painel de plástico; para diminuir o volume, é só deslizar de cima para baixo; para pular a próxima faixa, deslize de trás para frente; ou de frente para trás se quiser retroceder.

Outro recurso bacana é o “Quick Attention”. Basta tampar a concha direita com a mão e o microfone externo que o XM2 usa para cancelar o ruído vira um amplificador. Todo som que está do lado de fora é reproduzido dentro dos fones. Isto permite dar atenção ao colega que insiste em interromper a sua música sem ter que tirar o fone dos ouvidos.

Pelo aplicativo Sony Headphones Connect, dá para controlar a equalização do som e a prioridade do celular: estabilidade do Bluetooth ou qualidade de áudio. O recurso também parece apenas cosmético, porque no meu teste, mexer com isso não deu resultado algum na experiência com o acessório.

De acordo com a Sony, o XM2 também possui integração com o Google Assistente. Só que eu não consegui comprovar essa integração, e nem qual o benefício dela. Todas as vezes em que eu usei comando “Ok Google”, quem atendeu foi o smartphone, e não o fone de ouvido. Mesmo com o Bluetooth pareado, o Assistente não responde pelo microfone do XM2, só pelo do celular.

Por fim, temos a bateria. A Sony não informa o tamanho exato da unidade, mas garante que ele aguenta até 30 horas de reprodução contínua com o ANC ligado. Eu usei o XM2 ao menos duas horas por dia durante dez dias e a bateria chegou a 50%. Durante todo o tempo de teste, incluindo os períodos em que eu não usei o dispositivo, só precisei carregá-lo uma vez, que foi quando ele chegou à redação do Olhar Digital.

Foram pelo menos três horas para a bateria chegar a 100% por meio de um cabo USB para microUSB. Não é difícil acreditar, portanto, que a propaganda da Sony esteja correta e ele seja mesmo capaz de aguentar de 30 a 40 horas de reprodução de música por Bluetooth, alternando entre o ANC ligado e desligado.

Reprodução

Vale a pena?

O WH-1000XM2 é vendido no Brasil pelo preço oficial de R$ 1.629. Na categoria de fones de ouvido com ANC e vendidos atualmente no Brasil, o que temos de concorrente é o Studio3 Wireless, da Beats, marca de headphones da Apple, que custa R$ 2.100; e o Everest Elite 750NC, da JBL, que sai por R$ 1.359 no site da fabricante.

Dos três, o produto da Sony é sem dúvida o melhor na relação custo-benefício. O modelo da JBL não proporciona o mesmo nível de imersão e isolamento que o XM2, embora seja ligeiramente mais barato. Já o modelo da Beats, como quase tudo vendido pela Apple no Brasil, tem o preço exagerado e não vale mais de R$ 2.000 – a menos que você seja muito fã da marca.

De todo modo, o Sony WH-1000XM2 é um headphone que proporciona um isolamento e cancelamento de ruído muito bons, sem prejudicar a qualidade do som. O preço pode ser alto, mas quando você se acostuma a usar fones com ANC, fica difícil voltar a usar modelos sem essa tecnologia. Se você tem o dinheiro e está desesperado por um fone com cancelamento de ruído top de linha, este é para você.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital