Há alguns anos, em 2014, a Apple fez sua maior aquisição até então: comprou a Beats, marca de fones de ouvido criada pelo rapper Dr. Dre e pelo produtor musical Jimmy Iovine. Na época, a maçã desembolsou nada menos que 3 bilhões de dólares – 400 milhões foram pagos em ações da Apple e o restante em dinheiro vivo.
A soma se explicava não tanto pelos números de vendas dos produtos, mas pelo apelo que a marca exercia sobre o público jovem – depois de se tornar “queridinha” em alguns círculos de músicos ligados principalmente ao rap e ao hip hop norte-americanos.
A aquisição pareceu fazer sentido, já que tanto a Apple quanto a Beats apelam para um público com fundos suficientes para apostar em produtos de alto padrão. A partir da operação, os fones de ouvido da Beats começaram a aparecer nas lojas online e físicas da Apple e, aos poucos, foram se integrando mais e mais ao ecossistema da maçã.
Aliás, parte graças a essa entrada no mundo da Apple, hoje os números da Beats são invejáveis, com nada menos que 30 milhões de unidades vendidas, apenas da linha Solo. E foi essa linha que ganhou novo representante no Brasil, com a chegada do Beats Solo Pro, lançado no país nesta terça-feira (21).
Antes de entrar nos detalhes técnicos, a primeira coisa que chama atenção nesses fones é a sua ligação direta com os Airpods Pro, lançados recentemente pela Apple, e que se tornaram fenômeno mundial de vendas. A exemplo dos novos Airpods, também o Beats Solo traz o sobrenome “Pro” – que a Apple parece ter adotado para identificar seus aparelhos mais sofisticados (e caros).
Em ambos os casos, estamos falando de fones de ouvido sem fios. Além disso, esses novos Beats compartilham com os Airpods a mesma interface nos iPhones – ao clicar na barra de volume no celular, uma nova tela se apresenta, com os controles de cancelamento de ruído (noise cancelling), que variam do cancelamento total de ruídos até o modo “transparente”, que diminui a intensidade dos ruídos exteriores, mas ainda permite que você ouça o que está a sua volta.
Para quem tem Android, há um aplicativo da Beats que pode ser baixado para controlar essas funções.
Cancelamento de ruído mais que eficiente
Esse é o recurso que primeiro chama a atenção nesses fones de ouvido. Na nossa rápida experiência com o modelo, o cancelamento de ruído surpreendeu. Testamos os fones numa sala bastante silenciosa – mas, o pessoal da Apple – ou melhor, da Beats – veio preparado com uma “trilha sonora” de ruídos de trânsito pesado, que foi reproduzida num laptop.
Com o cancelamento de ruído ativado, o barulho externo simplesmente desaparecia. No modo transparente, era possível ouvir alguma coisa de buzinas, mas num pano de fundo bem distante. Com o recurso desativado, o nível do ruído subia consideravelmente. Ou seja, o mecanismo da Beats cumpre o que promete.
No entanto, neste caso, há que se ressaltar que – diferentemente de outros sistemas de cancelamento de ruído – esse não interferiu na qualidade da música que, às vezes fica um pouco mais abafada, quando o cancelamento está ativado. Esse, aliás, é um dos argumentos de venda da Beats: eles afirmam que o aparelho foi desenhado pensando justamente nisso: preservar a música acima de tudo, independentemente da ativação ou não do cancelador de ruídos.
Dito isso, é bom lembrar que há outros fones no mercado (no exterior, principalmente) que oferecem muito mais recursos quando o assunto é cancelamento de ruídos. A Bose e a Sennheiser, por exemplo, chamam a atenção pela possibilidade de regular a intensidade do cancelamento de ruídos, permitindo que você ajuste se quer “mais” ou “menos” barulho externo.
Bateria de longa duração
Evidentemente, não tivemos tempo de testar a eficiência da bateria. Mas, segundo o time da Beats, os fones têm autonomia de 40 horas sem o cancelamento de ruído ativado e 22 horas, com o uso do recurso.
Ainda segundo o fabricante, com uma carga de 10 minutos (usando uma fonte USB de 5 W), o fone ganha vida por 3 horas. Um detalhe importante é que, diferetemente de outros produtos similares, mesmo que a bateria esteja “zerada” dá para conectar o fone em uma fonte e usá-lo imediatamente, enquanto ele carrega.
Quase nenhum botão
Quase não há botões nesses fones. Na verdade, há apenas 2: um pequeno, embaixo de um dos fones e outro “grandão” que, ocupa, na verdade toda a lateral de um dos lados.
Explicando: esse botão grandão é, na verdade, a lateral de um dos fones. Ao tocar na parte de cima, o volume aumenta. Na de baixo, diminui. Pressionando o centro, a música para. Tocando 2 vezes, você avança de faixa. 3 pressionadas seguidas, levam para a faixa anterior.
O botão pequeno, que fica embaixo do outro fone, serve para alternar entre os modos de cancelamento de ruído ativado, desativado e modo transparente. Cada transição é sinalizada sonoramente.
Qualidade do áudio
Dá para dizer que a Beats corrigiu seu curso nos últimos anos. Os primeiros modelos da marca traziam o característico “baixo extremo” (extreme bass). O peso dos graves podia ser um bom apelo para o pessoal do rap, mas, no final das contas, resultava em um som meio “empastado”, justamente pelo excesso das baixas frequências.
De uns 3 anos para cá, a marca evoluiu e – ainda que preserve o baixo característico, hoje não dá para dizer os fones ainda tragam distorções, como era patente nos primeiros modelos. O áudio desses Solo Pro é bastante equilibrado, com uma boa distribuição de agudos e a tradicional presença dos graves.
Talvez por isso, sentimos falta de um pouquinho mais de poder aos médios. Mas, nada que comprometa a audição – a não ser que que você seja um audiófilo – mas, aí, esses não seriam mesmo os fones para você.
Conforto e praticidade
Difícil bater a Apple em sua casa. Parear esses Beats com um iPhone é tão simples que chega a ser ridículo. Eles vêm dobrados, dentro da embalagem. Ao desdobrá-los, o iPhone automaticamente apresenta uma tela perguntando se você quer fazer o pareamento. Um toque na tela e, pronto, você já pode começar a usar. Caso você não use um iPhone, o processo também é simples: bastará identificar os Beats na lista de aparelhos Bluetooth.
Por falar em Bluetooth, a versão desses Beats é a 4.0 – com ela, você consegue usar os fones com tranquilidade até cerca de 30 metros de distância (dependendo, é claro, da presença de obstáculos físicos no local). Também é graças ao Bluetooth 4.0 que a conexão entre os fones de ouvido e os smartphones, que possuem a mesma versão, é tão instantânea.
As ligações telefônicas também têm som bastante claro nesses fones de ouvido. Para atender uma chamada, basta pressionar a lateral de uma das conchas 2 vezes. Para desligar, basta pressionar uma vez. O áudio para quem está do outro lado da linha pareceu um pouco mais “aberto” do que o percebido quando se usa um Airpod, por exemplo, mas a diferença foi mínima.
No quesito conforto, há um ponto positivo e outro negativo. No lado positivo, os fones propriamente ditos são super macios e as conchas ajudam bastante no cancelamento de ruídos. No lado negativo, quem tem cabeça grande pode sentir um pouco de pressão ao usar os fones. Apesar do material usado na fabricação ser super flexível, se você for do tipo “caixa d’água” (como é o meu caso), pode sentir um pouco de incômodo no começo – mas depois de alguns minutos, a sensação passa.
Os fones chegam por aqui na totalidade de suas variações de cor, são 6 tons: azul, vermelho, azul escuro, preto, marfim e marfim com toques de dourado.
Preço no Brasil
Como sempre, essa é a parte mais complicada. Nos Estados Unidos, esses fones foram lançados em outubro do ano passado, por 300 dólares (o que já é puxado mesmo para o mercado deles – mas é o mesmo patamar dos Bose e até um pouco abaixo de alguns Sennheiser ou Bowers Wilikins). Por aqui, a etiqueta de preço está em 2.500 reais. A comercialização é feita exclusivamente pelas lojas físicas e online da Apple no Brasil.