Embora o Facebook não pare de afirmar que sua missão é “conectar pessoas”, os efeitos reais da rede social são bem menos otimistas. De acordo com um estudo recém-publicado da Escola de Medicina da Universidade de Pittsburgh, jovens adultos que passam muito tempo nas redes sociais têm maior probabilidade de sentir solidão e isolamento social.
Ao todo, o estudo abordou 1.787 pessoas nos Estados Unidos com idades de 19 a 32 anos. Por meio de um questionário, os pesquisadores avaliaram o tempo que cada uma delas passava em 11 das redes sociais mais populares: Facebook, Youtube, Twitter, Google Plus, Instagram, Snapchat, Reddit, Tumblr, Pinterest, Vine e LinkedIn.
Paralelamente, foi usado também um método de avaliação chamado de Patient-Reported Outcomes Measurement Information System para “medir” a sensação de solidão e isolamento social que os participantes sentiam. Trata-se de uma ferramenta cientificamente aceita de “psicometria”, algo que permite avaliar a intensidade de sensações em participantes de estudos desse tipo.
Resultados
De acordo com os resultados do estudo, quanto mais tempo as pessoas passavam em redes sociais, maior a probabilidade de que elas sentissem solidão. Mais especificamente, a probabilidade de sentir solidão e isolamento social era duas vezes maior entre as pessoas que passavam mais de duas horas por dia nas redes, na comparação com pessoas que passavam menos que meia hora por dia.
Brian Primack, um dos principais autores do estudo, chamou a atenção para o possível problema social que as redes soiais causam. “Essa questão é importante porque problemas de saúde mental e [sensações de] isolamento social estão em níveis epidêmicos entre jovens adultos”, comentou. “Somos seres inerentemente sociais, mas a vida moderna tende a nos separar em vez de nos unir”, acrescentou.
Ressalvas
Mesmo assim, não é possível afirmar que sejam as redes sociais que causam essas sensações. Conforme comenta outra autora do estudo, Elizabeth Miller: “Nós ainda não sabemos o que veio primeiro: o uso de redes sociais ou a sensação de isolamento social”. Para ela, é possível que as pessoas que têm essas sensações acabem passando mais tempo nas redes para compensar.
Fora isso, Primack também lembra que, “num estudo com grande grupo de participantes como esse, reportamos tendências gerais que podem não se aplicar a cada indivíduo”. Ele continua: “Não duvido de que algumas pessoas usando redes sociais de determinadas formas possam encontrar conforto e conexão social”.
Vale a pena, no entanto, considerar que há uma relação entre saúde mental e uso de redes sociais. Afinal, esse não é o primeiro estudo que liga essas duas coisas. Em julho de 2015, um estudo canadense mostrou a mesma correlação, e outro estudo, mais recente, reforçou a existência dessa mesma relação tendo como foco o Facebook.