A liberdade de expressão é um dos assuntos mais discutidos no âmbito da Internet. Segundo a Constituição, somos livres para dar nossa opinião, isso é a democracia. Porém, parece que o governo está de olho em tudo o que é publicado sobre a presidência da república. O jornal Estado de São Paulo teve acesso a relatórios sigilosos de monitoramento de mídias digitais feitos por uma agência contratada pela presidência.
Nesses relatórios, são destacadas as opiniões dos opositores e quais postagens têm potencial para viralizar e, consequentemente, atrapalhar o governo de alguma forma. Os textos identificam os parlamentares opositores de Bolsonaro como “velha política”. Além disso, esses documentos mostram o monitoramento de hashtags e de palavras mais usadas durante aquele período em que se estava realizando a coleta de dados.
Além de ficar de olho em opositores, os relatórios monitoravam os que são favoráveis às medidas propostas pelo presidente. Os usuários a favor da reforma da Previdência estariam tecendo críticas à velha política e questionando a prioridade do presidente para a aprovação da medida.
Até mesmo uma publicação do candidato à presidência, Guilherme Boulos (PSOL), foi mencionada. Na publicação, Boulos acusa o presidente de utilizar robôs para impulsionar a hashtag #EuApoioNovaPrevidencia. O interessante a se destacar aqui, é que o verbo “acusou” estava grifado no relatório.
Outro ponto a ser destacado nos relatórios, é da decisão de Bolsonaro de comemorar o golpe de 1964, e de como isso atrapalhava o debate da reforma. Neste documento, em específico, foram monitorados ambos os internautas favoráveis e contrários. Os favoráveis acreditam que essa celebração, se fosse aprovada, desviaria a atenção e poderiam estimular debates que não seriam bons para a aprovação da reforma. Os opositores adotaram hashtags como #ditaduranuncamais e #BrasilAfunda para mostrar sua indignação com a ideia do presidente.
Ainda não se sabe para quais fins os dados coletados podem ser usados, pode ser para verificar a aprovação do governo pelos usuários das redes socias, ou até mesmo para se fazer uma média de quem é contra o governo e monitorar “possíveis ameaças”.
Via: Estadão