O Linux é o líder absoluto em supercomputação, sendo muito mais usado que o Windows em servidores. E, em 2017, o Android – também baseado no pinguim – se tornou o sistema operacional mais utilizado no mundo, superando a plataforma da Microsoft pela primeira vez na história. E esse triunfo do robozinho verde também é um triunfo do Linux.
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No entanto, na escrivaninha da sua casa ou de um escritório, a história é bem diferente — inclusive, o próprio Linus Torvalds, criador do Linux, considera o desktop seu fracasso pessoal. O Torvalds criou a plataforma como um sistema operacional de desktop e, ironicamente, essa é a única área em que o Linux não domina. Mas qual é o motivo disso? Para responder à pergunta, ninguém melhor do que o próprio Linus Torvalds.
Em uma rodada de perguntas e respostas, ainda em 2012, Linus respondeu à questão muito objetivamente — e foi muito sensato: ninguém quer instalar um sistema operacional – seja qual for – em sua máquina (se quiser, você pode ver no vídeo logo abaixo).
E isso não é algo que se concentra apenas em computadores. A maioria das pessoas não quer instalar um sistema operacional em seu celular também. A razão pela qual o Linux é bem-sucedido em dispositivos móveis não é porque tem 900.000 pessoas fazendo download de imagens de disco para instalar em seus smartphones, é porque o sistema vem pré-instalado no dispositivo. E isso nunca aconteceu no mercado de desktops e é realmente muito difícil fazê-lo.
Torvalds falou sobre alguns fabricantes, como a Dell, que produziram computadores com Linux pré-instalado. O problema é que, na maioria dos casos, se tratavam de uma solicitação do comprador, uma exceção. Ou seja, foi algo feito em quantidade muito limitada, principalmente se compararmos ao número total de máquinas vendidas pela fabricante.
A Dell não é a única empresa que vende computadores com Linux pré-instalado. Algumas, como System76, se dedicam em vender apenas computadores com Linux (antes com o Ubuntu e agora com a sua própria distribuição, o Pop!_OS ). Mas eles ainda são um nicho, e garantem somente a participação de 2,3% do Linux no mercado de desktops.
Também é curioso que o mercado de PCs seja tão semelhante e, ao mesmo tempo, tão diferente do mercado de dispositivos móveis. O Android triunfou graças às escolhas do Google em fazê-lo um sistema livre e aberto, possibilitando que os fabricantes o usassem em seus dispositivos, mas com diferentes camadas de personalização. Tal fenômeno jamais aconteceu com os computadores. Seus players preferem trabalhar com a Microsoft e pagar Licenças do Windows.
Ao mesmo tempo em que as pessoas não querem ter o trabalho de instalar um sistema operacional em seus dispositivos, os fabricantes de computadores não possuem interesse em quebrar o padrão e ter suas próprias “distribuições” — os únicos que fazem isso são a Apple (Macbooks) e o Google (Chromebooks). Para o Linux se tornar uma realidade nos desktops, os fabricantes terão que deixar de pré-instalar o Windows em seus dispositivos. E aí fica a pergunta: o que motivaria tamanha mudança?