Políticas punitivas não reduzem pirataria, diz estudo

Redação04/01/2017 13h04

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A ideia de que punir pessoas que compartilham ilegalmente cultura e conhecimento inibe esse tipo de prática levou um golpe considerável. Um estudo publicado pelo pesquisador Jordi MacKenzie, da Universidade Macquire, em Sidney, na Austrália, revelou que não há indícios concretos de que políticas punitivas reduzam a pirataria nos países onde são aplicadas.

Mais especificamente, MacKenzie estudou a eficácia das chamadas “graduated response policies“, ou políticas de resposta gradativa, em seis países diferentes. Essas políticas envolvem notificações gradativas de usuários que estejam compartilhando arquivos ilegalmente: primeiro, o usuário recebe um aviso; caso continue a fazer isso, ele recebe uma pequena punição. Se ele continuar a piratear mesmo assim, pode até mesmo ter sua conta suspensa ou ser acionado juridicamente.

Para avaliar a eficiência de medidas desse tipo, o pesquisador analisou as receitas totais e de semana de estreia de 6.083 filmes diferentes lançados nos países estudados entre 2005 e 2013. Nesse período, as medidas de resposta gradativa começaram a ser adotadas. A conclusão, atingida por meio de análises estatísticas de milhares de pontos de dados, é que políticas desse tipo não têm qualquer impacto perceptível na receita dos filmes no cinema.

Em outras palavras, a tentativa de coagir pessoas a não compartilhar filmes ilegamente não aumentou a quantidade de dinheiro que os cinemas ganhavam com os filmes. “Nenhuma prova consistente foi encontrada para mostrar aumento nas receitas de cinema em qualquer um dos mercados”, diz a conclusão do estudo.

Efeito reverso

Fora os seis países pesquisados, Mackenzie ainda avaliou outros dez mercados como grupo de controle. Para dar mais força ao seu estudo, ele ainda pesquisou filmes entre vários gêneros diferentes, para garantir que ele não estava olhando apenas para um tipo de filme no qual os “piratas” estavam menos interessados. No entanto, ele acredita que, mesmo com as medidas punitivas, os “piratas” podem achar meios de driblar esses obstáculos, como o uso de VPNs ou a troca por serviços não monitorados.

No entanto, MacKenzie estudou também o efeito do fechamento do MegaUpload, em 2012, sobre as receitas de filmes no cinema. “Nenhuma evidência de aumento na receita dos cinemas é observada após essa data [o fechamento do site]. Na verdade (…), há pequenas evidências de queda nas receitas de cinemas após essa data.

Com isso, seria razoável concluir que o fechamento do site na verdade foi prejudicial aos cinemas, como aponta o TorrentFreak. Essa conclusão é coerente com outros dados já obtidos em pesquisas: levantamentos feitos na Suécia e na Austrália mostraram que os “piratas” são os que mais gastam com cultura e conhecimento, e que dificultar o acesso a esses bens reduz o montante que é gasto neles ao todo.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital