Enquanto drogas específicas para o combate à Covid-19 não surgem, pesquisadores testam múltiplas abordagens com o que já é conhecido. Agora pesquisadores de uma universidade canadense decidiram experimentar um tratamento com uma fruta bem conhecida dos brasileiros: o açaí.

A fruta já teve sua ação anti-inflamatória demonstrada no passado, então os pesquisadores querem entender se é possível utilizá-la para combater algumas das reações do organismo à infecção que podem trazer mais complicações ao paciente. Sabe-se que uma parte das mortes resultantes do contágio são causadas não pela ação direta do vírus, mas pela resposta exagerada do sistema imunológico, causando uma reação inflamatória.

Os dois pesquisadores liderando a iniciativa são a brasileira Ana Andreazza em parceria com Michael Farkouh, ambos da Universidade de Toronto, que já estudam as propriedades do açaí há cinco anos. Em entrevista à AFP, Farkouh admite que o experimento é um “tiro no escuro” mas a fruta é acessível, barata e segura, “então valia a pena tentar”.

Para isso, os pesquisadores reuniram 580 participantes no Canadá e no Brasil para o estudo, todos diagnosticados com Covid-19. Metade recebeu um extrato de açaí, enquanto os outros receberam apenas um placebo. Os resultados devem ser publicados até o fim do ano, sem um prazo específico.

A expectativa dos pesquisadores é conseguir eliminar as complicações clínicas da infecção por Covid-19, impedindo a manifestação de formas mais graves da doença, o que possibilitaria reduzir a letalidade por caso. Farkouh cita que o extrato de açaí visa inibir o inflamassoma NLRP3, o mesmo ativado pelo Sars-Cov-2, que pode gerar as reações excessivas indesejadas.