Operadoras não cumprem meta e 47 mil brasileiros ainda estão limitados a conexão 2G

Cronograma de universalização da Anatel previa que em 2020 todas as cidades brasileiras já deveriam estar cobertas no mínimo com 3G
Renato Santino31/03/2020 21h35, atualizada em 31/03/2020 22h00

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Estamos em 2020 e você, que lê o Olhar Digital, provavelmente já está acostumado a usar a conexão 4G no seu celular. Faz sentido: demorou um pouco, mas a maioria das cidades brasileiras e da população já estão em municípios cobertos pelas redes móveis de quarta geração.

Segundo dados de fevereiro da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), cerca de 4.700 municípios já estão cobertos pelo 4G, alcançando 97% da população brasileira. Isso não necessariamente quer dizer que o 4G é bom ou que ele cobre todo o município, mas que ele está presente, mesmo que pontualmente no território. O que esse número não deixa claro é que, apesar dos planos da Anatel, existe um grupo além dos 3% dos brasileiros que não têm 4G em suas cidades e que, dentro desses 3%, existe uma parcela do público sem contar sequer com acesso 3G.

A agência previa que até 31 de dezembro de 2019, todos os municípios brasileiros fossem cobertos com o 3G. Ao fim de março de 2020, no entanto, existem regiões que ainda não estão cobertas pela tecnologia. Mais especificamente, são oito cidades pequenas que ainda não são atendidas.

  • Aporé (GO)
  • Cocalinho (MT)
  • Combinado (TO)
  • Muçum (RS)
  • Nova Ubiratã (MT)
  • Ouro Branco (RN)
  • Solidão (PE)
  • Tabaí (RS)

Segundo dados do IBGE, a população estimada destes municípios totalizava 47.224 em 2019. É uma parcela pequena da população brasileira (211 milhões segundo as projeções mais atuais do IBGE), ou cerca de 0,02% do Brasil.

Por mais que sejam municípios pequenos, com poucos habitantes, isso significa que as operadoras não cumpriram as metas determinadas pela Anatel. A agência havia determinado em seu cronograma que até 31 de dezembro de 2017 todas as cidades com pelo menos 30 mil habitantes já deveriam estar cobertas pelo 3G, o que já está cumprido atualmente. O cronograma determinava que pelo menos uma prestadora deveria fornecer esse serviço para todas as cidades do Brasil até o fim de 2019

De acordo com a Anatel, a agência está ciente da situação dessas cidades, que não contam atualmente com indicadores de qualidade referentes ao 3G. A organização diz ter solicitado a fiscalização dos municípios in loco para aferir a situação.

O que é 2G?

O 2G é uma tecnologia de redes de telefonia móvel introduzida nos anos 1990. Na época, a preocupação da indústria de tecnologia ainda não era melhorar conexão à internet, que ainda era incipiente entre o público comum.

A ideia era criar um salto de qualidade nas chamadas de voz. O mote da tecnologia 2G é a telefonia digital, em contraponto com as redes de primeira geração, que ainda contavam com chamadas de qualidade analógica.

O 2G também introduziu a capacidade de transmissão de dados em telefones móveis, mas são velocidades pífias para os dias atuais. Você já pode ter percebido que quando o seu celular começa a mostrar o sinal de “E” (de EDGE) ou “G” (de GRPS) na barra de status, é praticamente impossível fazer qualquer coisa online, por mais leve que seja. Isso é o 2G: velocidades máximas de 400 kilobits por segundo.

A tecnologia 2G começou a ser sobreposta nos anos 2000, quando começou a penetração do 3G no Brasil. A preocupação com o 3G já era mais próxima das expectativas que temos hoje sobre para um smartphone: proporcionar uma velocidade satisfatória de conexão (para a época), que fosse equiparável à banda larga fixa. Hoje, as velocidades médias das redes de terceira geração ficam na média de 4 megabits por segundo de download e 1 megabit por segundo de upload, segundo relatório mais recente da OpenSignal publicado em janeiro.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital