Eclipses são fenômenos naturais que costumam chamar a atenção. E isso não é de hoje: já acontecia há cem anos. Em 29 de maio de 1919, um eclipse solar total esteve visível em diferentes partes do mundo e se tornou memorável. Isso porque permitiu que Albert Einstein comprovasse a Teoria da Relatividade Geral (um de seus estudos mais importantes).

Como, à época, não havia conhecimento consolidado sobre o tema, foram organizadas expedições de cientistas para que eles observassem o eclipse em alguns lugares. Uma dessas localidades foi a cidade brasileira de Sobral, no Ceará.

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Os pesquisadores vieram ao Brasil equipados com telescópios e espectrógrafos. As fotografias que eles registraram por aqui foram fundamentais para que Einstein comprovasse sua tese — que, até então, era apenas uma teoria, anunciada quatro anos antes, em 1915.

O fenômeno ocorreu pouco antes das 9h em Sobral e o sol foi totalmente encoberto por cinco minutos. Nesse período, os astrônomos fotografaram a ocorrência e registraram a posição das estrelas próximas da borda do planeta: eram 12 estrelas, normalmente ofuscadas pelo brilho solar.

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Isso comprovou a tese de Einstein de que a massa dos corpos deforma o espaço a seu redor e, por isso, o caminho da luz emitida por um astro deixa de ser uma linha reta quando passa por essa região. Assim, a massa solar distorce o percurso feito pela luz de uma estrela posicionada atrás do planeta.

Reprodução

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Einstein x Newton

Essa ideia contradizia Isaac Newton e a lei da gravitação universal. E ela só poderia ser testada durante um eclipse solar total — apenas nesse caso é possível observar estrelas que ficam atrás do Sol, o que ocorre justamente pelo efeito de que Einstein já suspeitava.

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As imagens foram analisadas, novos cálculos foram feitos e a teoria de Einstein foi comprovada. Apesar disso, outros cientistas demoraram para se convencer de que as medições estavam corretas. Já a opinião pública prontamente aceitou as conclusões do físico — e ele ficou internacionalmente famoso.

Seis meses depois, em novembro de 1919, a comunidade científica anunciou que a Teoria da Relatividade Geral estava correta. Einstein foi, então, consagrado como “gênio” e chegou a declarar que “a questão que minha mente formulou foi respondida pelo radiante céu do Brasil”.

O legado desse acontecimento ainda está no Brasil: o acervo do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro, por exemplo, tem 3 mil peças relacionadas ao eclipse de 1919, como documentos e instrumentos usados na observação feita em Sobral. E, para celebrar o centenário da data, o museu organiza, até 28 de abril de 2020, a mostra “O Eclipse — Einstein, Sobral e o GPS”.