Se você caminhar por uma das ruas mais famosas de Barcelona, a Passeig de Gràcia, na esquina com a Plaça de Catalunya, verá um prédio imponente, no qual pende sobre a porta de entrada uma maçã mordida. Porém, neste último mês, as portas da maior loja da Apple na cidade permaneceram fechadas, pois uma reforma está em andamento. Agora, se você optar por sair do centro da cidade, existem três lojas da Xiaomi que estão sempre de portas abertas e, acredite, sempre com filas imensas de pessoas comprando desde patinetes elétricos a smartphones de 300 reais.

É realmente impressionante ver o interesse das pessoas pela Xiaomi, e não se trata apenas de ter um smartphone ou um produto tecnológico barato, é adoração pela marca. Algo assim, no mercado mobile global, vejo acontecer apenas com a Apple. Eu tive a chance de frequentar as duas lojas da Xiaomi, em Barcelona, e vou contar aqui como foi a minha experiência.

As lojas estão dentro de dois shopping centers, afastados da cidade, então, se gasta uns bons 30 ou 40 minutos do centro da cidade, dependendo do tipo de transporte, claro. Além disso, ambas são pequenas, mas seguem o padrão de disposição parecido com aquilo que temos nas lojas de experiência da Apple, isso é inegável.

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Mi Store no shopping Finestrelles

Endereços das lojas da Xiaomi em Barcelona:

  • Mi Store Finestrelles: Carrer de Laureà Miró, 38, 08950 Esplugues de Llobregat, Barcelona;

  • Barcelona Gran Via 2: B32-33, Av. de la Gran Via, 75, 08908 L’Hospitalet de Llobregat, Barcelona;

  • Mi Store La Maquinista: Carrer de Potosí, 2, 08030 Barcelona.

Mi Store: muito além de apenas smartphones

Sim, os celulares são o grande produto da Xiaomi mundo afora, porém, nas lojas, fica tudo muito claro: a segunda maior fabricante chinesa vai muito além de apenas smartphones. Patinetes elétricos, aspirador de pó inteligente, mochilas, óculos para trabalhar em frente ao computador, pulseiras e relógios inteligentes, filtros de água, televisores, projetores, caixas de som Bluetooth, fones de ouvido, câmeras de segurança, notebooks, enfim, uma série de produtos tecnológicos a preços surpreendentes.

Como frequento eventos de tecnologia e acabo recebendo dispositivos em casa para testes, dificilmente frequento centros comerciais. Além disso, compro praticamente tudo o que preciso online. Logo, o que mais me chama a atenção é ver tanta gente em uma loja dedicada apenas a uma marca, em especial jovens, usando os aparelhos em exposição, especialmente para jogos. E o melhor de tudo, sem serem incomodados.

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Aparelhos como o Mi Mix 3, Mi 9, Mi 8, Pocophone 1 e mesmo o Android Go de 300 reais podem ser comprados na Mi Store

Lembro de uma experiência que tive em uma loja da Samsung, no Rio de Janeiro, no shopping Rio Sul. A loja estava vazia, a música super alta, tanto que eu quase não conseguia ouvir a pessoa que estava do meu lado falar, e quatro atendentes parados me olhando como eu não pertencesse àquele lugar. Enfim, uma experiência muito desconfortável. Em Madrid, na loja da Apple, a minha experiência também foi ruim, devido a quantidade de pessoas dentro da loja, extremamente barulhentas. Na Apple do Rio de Janeiro, no shopping VillageMall, senti a mesma sensação de não pertencer àquele lugar que senti na loja da Samsung.

Contudo, durante o MWC 2019, precisava terminar de publicar um artigo e, como a loja da Xiaomi era muito próxima dos pavilhões da feira, fui até lá, pois também aproveitaria para conhecer uma Mi Store pela primeira vez. Para minha surpresa, existia ali um sofá, imitando uma sala de estar, onde as pessoas podem sentar, assistir televisão e sentirem um pouco da experiência de como seria ter em casa os produtos da Xiaomi. Enfim, sentei ali, puxei meu notebook, terminei o que tinha que fazer e, em nenhum momento fui abordada por uma atendente ou coisa parecida. Aliás, você já percebeu que em quase nenhuma loja existem lugares para as pessoas sentarem?

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Além de smartphones, a Mi Store tem notebook, patinetes elétricos e eletrodomésticos inteligentes

Em outras palavras, quem trabalha na Mi Store consegue reproduzir muito bem a essência da fabricante: ser acessível. E isso é exclusividade de pouquíssimas marcas.

Mi Store: o sonho de todo brasileiro?

Nós temos muitas lojas no Brasil, isso é bem verdade. Contudo, são poucas as lojas que oferecem uma experiência imersiva do produto. E por experiência imersiva, não estou apenas falando de pegar o celular nas mãos, mas de viver a experiência com a marca, com todas as linhas de produtos, sentar em um sofá e ver como seria ter aquela televisão em casa, tocar o produto, tirar foto dele, levar amigos e familiares para dentro da loja e perguntar por sugestões.

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Relógios e pulseiros inteligentes estão disponíveis em diferentes preços

Para além da experiência, ter uma série de MI Stores espalhadas pelo país é também poder contar com produtos de preço honesto. É claro que para uma parceira da Xiaomi no Brasil, como é o caso da DL Eletrônicos, trazer um ou dois modelos da fabricante não é suficiente para conseguir manter o preço baixo dos aparelhos. Contudo, já vimos do que a Xiaomi foi capaz de fazer em 2015, quando anunciou o Redmi 2 a 500 reais. Quatro anos depois, com uma estratégia de vendas ainda mais amadurecida, tenho certeza que o retorno oficial da fabricante ao país seria especialmente bom para os consumidores.

Com a explosão das Mi Stores na Europa e na Índia, percebo cada vez mais que está na hora de deixarmos de lado o “mimimi” de que a “Xiaomi nos abandonou” e começar a puxar o grito de “volta, Xiaomi!”. Talvez a entrada da Huawei no varejo nacional, em maio, sirva para mostrar para as pessoas que está mais do que na hora de mudarmos o status quo do mercado de smartphones no Brasil. O que você acha?