Novos iPhones reafirmam a dificuldade da Apple com recarga sem fio

A empresa costuma sofrer neste ponto, enquanto a concorrência já está muito à frente
Renato Santino10/09/2019 21h33, atualizada em 10/09/2019 21h40

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A Apple apresentou nesta terça-feira (10), a nova geração de iPhones. Quem acompanhou os rumores dos novos aparelhos, no entanto, pode ter notado uma ausência que era dada como certa: os novos aparelhos não a recarga sem fio bidirecional, o que significa que os celulares não podem ser usados para carregar outros dispositivos (como os AirPods, por exemplo) em uma situação de necessidade. É mais uma mancha no retrospecto da Apple quando o assunto é tecnologia de recarga sem fio.

Todos os indícios apontam para o fato de que a Apple decidiu não habilitar esse recurso de última hora, julgando que o recurso não estaria à altura dos seus padrões. Segundo o analista Ming-Chi Kuo, especialista em informações pré-lançamento da Apple, a decisão veio após a conclusão de que haveria problemas em relação à eficiência da recarga sem fio, o que significaria que muita bateria do iPhone seria sugada para transferir pouca energia. Mark Gurman, jornalista da Bloomberg e outro especialista em Apple, havia predito a mesma coisa na segunda-feira.

Será interessante observar o quão avançado estava o desenvolvimento do recurso quando houver as primeiras desmontagens dos novos iPhones, quando será possível perceber se há algum indício de um componente inativo ou removido de última hora do projeto.

De qualquer forma, a empresa tem enfrentado dificuldades nesse aspecto, enquanto suas concorrentes têm nadado de braçada. A Samsung destaca esse recurso em várias peças publicitárias dos aparelhos da linha Galaxy S10, e o mesmo acontece com a chinesa Huawei, que também já incluiu essa funcionalidade.

Isso não seria tão problemático se essa dificuldade da Apple de lidar com a tecnologia de recarga sem fio já não fosse padrão para a empresa. Primeiro de tudo, é importante lembrar: a companhia só adotou a função com a chegada do iPhone 8 e o iPhone X, ambos apresentados em 2017. Enquanto isso, no mundo Android (e até mesmo do Windows Phone), a tecnologia de recarga sem fio Qi já é quase anciã; para se ter uma ideia, aparelhos como o Lumia 920 e o Galaxy Note 2, ambos de 2012, já contavam com essa possibilidade.

Recentemente, a Apple também passou por outro desconforto quando precisou anunciar publicamente o cancelamento do AirPower, uma base de recarga sem fios apresentada junto com o iPhone X. A ideia era simples: a base seria capaz de recarregar um iPhone, um Apple Watch e um case de AirPods ao mesmo tempo, sem ter um lugar correto para colocar cada um dos dispositivos.

No entanto, as coisas não se mostraram tão simples quanto a empresa imaginava inicialmente. Depois de mais de um ano do anúncio do AirPower, nada do produto chegar ao mercado. A Apple anunciou o iPhone XS e não fez qualquer menção à base de recarga. Apenas em 2019, mais especificamente em março, a empresa anunciou o cancelamento de forma oficial.

Com isso, são três momentos públicos em que a Apple não conseguiu concluir um projeto ligado à tecnologia de recarga sem fio ou saiu muito atrás da concorrência. É possível que até 2020, quando deve ser apresentado o iPhone 12, a tecnologia de recarga sem fio bidirecional esteja no nível que a Apple espera, no entanto.

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Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital