Resultados de uma pesquisa publicada na revista científica Nature indicam que a ciência está perto de obter hidrogênio metálico pela primeira vez. O estudo, liderado por Paul Loubeyere, da Comissão Francesa de Energia Atômica, conseguiu feitos inéditos ao submeter amostras de hidrogênio a pressões extremas, em baixas temperaturas.

No experimento, os cientistas expuseram o hidrogênio a uma pressão de 300 GPa, equivalente a 300 bilhões Pascal. Para se ter uma ideia, a pressão da atmosfera terrestre ao nível do mar é 101,325 Pascal. Nessas condições, o hidrogênio se transformou em sólido e assumiu um aspecto brilhoso.

Em seguida, os pesquisadores conduziram o hidrogênio à pressão de 425 GPa, em uma temperatura de 80 graus acima do zero absoluto (0 Kelvin, a temperatura em que toda a matéria tem a quantidade mínima de calor). Foi aí que o experimento resultou em uma descoberta inédita: o hidrogênio passou a refletir ondas infravermelhas, o que significa que o elemento iniciou a transição do estado sólido para o metálico. Na sequência, os cientistas ainda fizeram o processo reverso para ter certeza que o hidrogênio não tinha vazado dos recipientes.

Loubeyre afirma que dois fatores foram essenciais na obtenção dos novos resultados. O primeiro consiste no uso de uma espécie de bigorna de diamante mais potente que os modelos convencionais. É com esse dispositivo que os pesquisadores submetem as amostras de materiais a pressões extremas.

O outro fator foi o uso de um microscópio com um espectrômetro capaz de medir o comprimento de ondas durante o experimento. Dessa forma, os cientistas conseguiram mensurar diversas propriedades do hidrogênio.

Apesar dos resultados, não é possível afirmar que a equipe de Loubeyere conseguiu levar partículas de hidrogênio ao estado metálico. O próprio artigo reconhece que os achados indicam evidências de uma “possível transição” do elemento ao estado pretendido.

Outros pesquisadores argumentaram que os limites dos equipamentos de Loubeyere não podiam excluir a existência de um pequeno ‘gap’ de energia – uma pequena quantidade de energia de entrada necessária para transformar o material num condutor. Caso existisse, a equipe ainda não teria realmente demonstrado a criação de um metal.  

Loubeyere e sua equipe disseram que é improvável que essas pequenas quantidades de energias ainda estivessem no experimento, mas não seria possível afirmar com total certeza.

Fonte: Gizmodo