Na tentativa de entender mais sobre como o coronavírus age no corpo humano, duas pesquisas publicadas nesta semana na Blood Advances sugerem que o tipo sanguíneo pode influenciar ou não em complicações referentes à doença. Resumidamente, pacientes do tipo O parecem ter vantagem neste sentido.

Os estudos não são os primeiros a investigarem o vírus deste ponto de vista, mas vêm para reforçar a suspeita de que algumas pessoas podem simplesmente ser mais resistentes a quadros graves da doença ou o contágio por ela. A partir das novas evidências, é possível criar uma imagem mais clara de um fator de risco específico para o coronavírus.

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Ao longo da pandemia, estudos indicam que alguns tipos sanguíneos são mais resistentes à Covid-19, como o tipo O. Créditos: Nito/Shutterstock

Tipo O e a gravidade da doença

Na primeira pesquisa, cientistas examinaram 35 pessoas em quadro grave de Covid-19 em hospitais de Vancouver, no Canadá, entre fevereiro e abril. Com as observações, foi possível identificar que pacientes com sangue do tipo O ou B passam, em média, 4,5 dias a menos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) se comparados com enfermos com sangues do tipo A e AB. Especificamente sobre este último grupo, a média de permanência na UTI é de 13,5 dias.

Mas o que chamou a atenção dos pesquisadores não foi o tipo sanguíneo combinado ao tempo de internação, mas sim a evidência de que apenas 61% dos pacientes com sangue tipo O precisavam de um ventilador para respiração. Este número torna-se expressivo quando comparado com pacientes com sangue dos tipos A ou B, que em 84% dos casos precisavam do equipamento. O estudo também indicou que estes pacientes mais vulneráveis são mais suscetíveis a precisarem de diálise.

“Pacientes nesses dois grupos sanguíneos podem ter um risco maior de disfunção ou falência orgânica devido à Covid-19 do que pessoas com tipos sanguíneos O ou B”, concluíram no estudo.

Neste sentido, outro estudo realizado em junho já havia apontado que pacientes da Itália e Espanha com tipo sanguíneo O tiveram 50% menos risco de infecção grave pela doença em comparação com pacientes de outros tipos sanguíneos.

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Pesquisadores acreditam que pessoas que possuem tipo sanguíneo O possam ser mais resistente ao contágio pela doença. Créditos: Wan Wei/Shutterstock

 

Tipo O e riscos reduzidos de infecção

Já o outro estudo divulgado nesta semana na publicação científica destaca que pessoas com sangue do tipo O podem ter risco reduzido de contrair o novo coronavírus em comparação com outros tipos de sangue. Para tal conclusão, a equipe de cientistas examinou meio milhão de pessoas que foram testadas com a doença na Holanda entre o fim de fevereiro e fim de julho.

Das 4,6 mil pessoas positivas para Covid-19 e que revelaram seu tipo sanguíneo, apenas 38,4% eram do tipo O. Para se ter ideia do que este número representa, ele é menos que a prevalência do tipo O em uma população de 2,2 milhões de dinamarqueses, por isso foi seguro que os pesquisadores afirmassem que as pessoas com tipo O evitaram com sucesso o contágio pela doença.

“O grupo sanguíneo O está significativamente associado à suscetibilidade reduzida”, escreveram os autores no documento.

Apesar de outras pesquisas terem mostrado a ligação entre a característica e o desenvolvimento da doença, um dos autores do estudo elaborado em Vancouver, Mypinder Sekhon, destacou que esta ponte ainda deve ser analisada com cautela.

“Não acho que isso substitua outros fatores de risco de gravidade, como idade e comorbidades e assim por diante. Se alguém é do grupo sanguíneo A, não precisa entrar em pânico. E se você é grupo sanguíneo O, você não está livre para ir a pubs e bares”, afirmou Sekhon.

Fonte: Science Alert