Usando um radar capaz de penetrar no solo, um grupo de cientistas detectou uma enorme quantidade de água congelada entre as camadas de areia do pólo norte de Marte. Este depósito contém tanto gelo que, se derreter e subir para a superfície, poderia deixar boa parte do planeta submerso.
A descoberta é uma espécie de depósito de múltiplas camadas de gelo, que está misturado com areia, e se formou ao longo de centenas de milhões de anos. Ele está localizado cerca de dois quilômetros abaixo da superfície do planeta e, antes deste novo estudo, os cientistas pensavam que era composto principalmente por dunas de areia.
Mas agora, o aparelho usado para sua detecção sugere que ele é preenchido com mais água congelada do que areia. Com isso, esse pode ser o terceiro maior reservatório de água no planeta vermelho, juntamente com outras duas camadas de calotas polares. Um artigo contendo essas descobertas foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters.
Estas novas observações foram feitas por um dispositivo chamado SHARAD (Shallow Radar), um instrumento a bordo do Mars Reconnaissance Orbiter, da Nasa. O SHARAD emite ondas de radar capazes de penetrar na superfície, permitindo que as estruturas internas dessas camadas fossem vistas.
Estas observações relevaram a existência de uma série de blocos horizontais, ricos em gelo, que foram aprisionados entre camadas de areia. Como o comunicado divulgado para a imprensa aponta, se o gelo derreter e vazar para a superfície, “ele equivaleria a uma camada de água que seria capaz de envolver todo o território de Marte a pelo menos 1,5 metro de profundidade”.
Como o gelo surgiu?
Os dados do SHARAD mostram que a frequência e o volume das camadas de gelo aumentaram à medida que se aproximavam do polo norte. Em uma região, por exemplo, os pesquisadores detectaram duas camadas de areia com mais de 40 quilômetros de largura que possuíam uma camada de gelo com uma profundidade entre 50 e 100 metros.
Essas estruturas enterradas são os restos de antigas calotas de gelo, que foram criadas e acabaram sendo enterradas durante períodos mais quentes, de acordo com o artigo publicado. Portanto, esta parte contém um registro histórico do clima marciano. As camadas de gelo são como os anéis de uma árvore, mostrando o crescimento e o recuo das antigas calotas polares ao longo dos anos.
Como aconteceu com a Terra, Marte experimentou vários períodos, digamos, gelados. Durante as estações mais quentes, a areia envolveu as camadas de gelo, protegendo-as do Sol e, por sua vez, impedindo que as mesmas evaporassem na atmosfera.
Água em outras localidades
A nova descoberta também pode nos dizer um pouco mais sobre a água congelada localizada em outra parte de Marte, especialmente nas latitudes mais baixas. Jack Holt, co-autor do estudo e pesquisador da Universidade do Arizona, usou o SHARAD para confirmar a presença de geleiras massivas nas latitudes médias de Marte. Estas geleiras são quase completamente compostas por água congelada, mas estão escondidas pelos materiais da superfície.
“Supreendentemente, o volume total de água desses depósitos polares enterrados é, aproximadamente, o mesmo que o existente nas geleiras enterradas nas latitudes baixas de Marte. E ambos contam com a mesma idade”, disse Holt.
Como podemos perceber, o planeta vermelho possui uma grande quantidade de água que pode facilitar o modo como os humanos querem colonizar o planeta. Talvez isso seja o que os cientistas estavam esperando encontrar para poderem iniciar uma missão, na tentativa de fazer com que a vida sobreviva em Marte.
Via: Gizmodo