Nova descoberta pode dobrar a capacidade das baterias de lítio

Eletrólito sólido também permitirá que as baterias sejam muito mais seguras, eliminando o risco de incêndios ou explosões
Rafael Rigues29/11/2019 13h15

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Pesquisadores da Universidade Deakin na Austrália dizem que conseguiram usar polímeros industriais comuns para criar eletrólitos sólidos, abrindo a porta para baterias de lítio com o dobro da densidade energética atual, que não explodem ou pegam fogo se superaquecerem.

O Dr. Fangfang Chen e Dr. Xiaoen Wang, do Instituto de Materiais de Fronteira de Deakin, afirmam ter feito um avanço com “o primeiro exemplo claro e útil de transporte eficiente e sem líquidos de íons de lítio na comunidade científica”.

A nova tecnologia usa um polímero sólido para substituir os solventes líquidos voláteis normalmente usados como eletrólitos nas células atuais da bateria. O eletrólito líquido é a parte do sistema que se torna inflamável durante um incêndio em uma bateria.

“Se a indústria implementar nossas descobertas, vejo um futuro em que os dispositivos alimentados por baterias poderão ser despachados com segurança na bagagem de um avião, por exemplo. Ou onde os carros elétricos não representem um risco de incêndio para ocupantes, ou serviços de emergência, como fazem atualmente”, disse o Dr. Chen em um comunicado de imprensa.

Além de tornar as baterias mais seguras, a equipe acredita que esse eletrólito baseado em polímero sólido permitirá finalmente que as baterias funcionem com um ânodo de lítio metálico. Isso seria um avanço significativo no mundo das baterias, onde o ânodo de lítio foi descrito recentemente na publicação Trends in Chemistry como “crítico para quebrar o gargalo na densidade de energia da química atual dos íons de lítio”. Gargalo este que está impedindo veículos elétricos, aeronaves e eletrônicos portáteis de se desenvolver em um ritmo maior.

Wang diz que essa pode ser uma maneira de dobrar a densidade de energia das baterias de lítio, que, em ambientes comerciais, estão chegando a cerca de 250 Wh / kg (na bateria de um Tesla Model 3). Aumentar isso para 500 Wh / kg permitiria estender massivamente o alcance, ou o uso de baterias menores, mais baratas e muito mais leves.

A equipe de Deakin diz que só usou polímeros comerciais já existentes no novo processo, o que significa que a produção industrial deve prosseguir com “pouca dificuldade”. Nesse estágio, ele foi testado em uma bateria estilo moeda, como as usadas em relógios.

A equipe agora está desenvolvendo o tipo de célula que seria usada em um telefone celular. Assim que estiver em funcionamento eles procurarão parceiros comerciais para colocar essas células de estado sólido no mercado.

Fonte: New Atlas

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital