Os cientistas que estudam Marte querem pedaços do planeta vermelho aqui na Terra há décadas e finalmente estão conseguindo projetar uma missão para adquirir estes “souvenirs”.
O legado do programa Apollo, que trouxe rochas lunares cuidadosamente coletadas de volta à Terra, reformulou a ciência e nosso entendimento sobre as origens e relação entre nosso planeta e a Lua. Uma missão de retorno de amostras de Marte poderia oferecer o mesmo tipo de potencial, mas o planeta vermelho é um alvo mais assustador do que a Lua.
“É o consenso da comunidade científica hoje”, disse Muirhead, “que, se quisermos responder às perguntas mais difíceis sobre Marte – como, por exemplo, se houve vida lá – precisaremos trazer material de Marte aos nossos laboratórios terrestres ”, disse Brian Muirhead, que lidera o esforço para desenvolver uma missão de retorno de amostras de Marte no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, na Califórnia.
Organizar uma missão para trazer as amostras de volta é um desafio que a NASA pretende enfrentar em parceria com a Agência Espacial Européia. A solução é uma série de veículos espaciais, como o rover Mars 2020 da NASA para selecionar amostras, um “veículo de busca” para coletá-las, um foguete para lançá-las para fora do Planeta Vermelho e uma cápsula para trazê-las de volta à Terra.
A missão Mars 2020 partirá no próximo verão e seguirá em direção à cratera Jezero para um pouso em fevereiro de 2021. Ele conduzirá investigações e coletará rochas interessantes para que sua sucessora leve para casa. Essa missão pode ser lançada em 2026, disse Muirhead. Assim que a espaçonave pousar, ela irá lançar o veículo de busca, pequeno e ágil, que irá coletar os recipientes com amostras preparados pelo Mars 2020.
O próximo item na lista de tarefas é empacotar as amostras para a longa jornada para a Terra. Os cientistas estão projetando uma cápsula de retorno que pode transportar com segurança até 30 amostras de rochas e duas amostras de ar. “Tudo isso se encaixa no ‘capacete de Darth Vader’”, disse Muirhead, referindo-se à forma do contêiner, que será embalado em uma cápsula para a longa viagem. O recipiente com as amostras será selado e esterilizado para garantir que nenhum material marciano solto contamine o ambiente na Terra.
Embora muitas naves espaciais tenham viajado para o Planeta Vermelho, nenhuma jamais retornou. “A viagem de ida é bastante tradicional”, disse Muirhead. “É a viagem de volta que é particularmente desafiadora”. O veículo dependerá de propulsão elétrica para chegar à Terra, onde ejetará o conjunto de amostras em 2031.
A equipe não quer usar pára-quedas, que Muirhead chamou de “notoriamente complicados”. Em vez disso, a cápsula percorrerá seu próprio caminho através da atmosfera da Terra. Isso significa que o veículo precisará desacelerar com cuidado o suficiente para não se esborrachar na superfície, mas não desacelerar tanto a ponto de queimar com o atrito atmosférico.
Apesar da aparente complexidade do plano, Muirhead enfatizou que uma missão de retorno tem como principal objetivo descobrir os segredos científicos contidos nas amostras. “A missão é trazer amostras de volta”, disse ele. “Do ponto de vista da arquitetura e da integridade das amostras científicas, não acho que exista uma solução muito mais simples do que a que estamos considerando”.
Fonte: Space.com