Se o envio de sondas com poderosas câmeras ainda não ajudou a encontrar vida fora da Terra, que tal utilizar o cheiro? É o que propõe um estudo de cientistas da Universidade de Washington, que defende o uso de um telescópio capaz de farejar o universo em busca de vida. A ideia é buscar gases como metano e dióxido de carbono que poderiam dar pistas da presença de organismos.

De acordo com o estudo publicado no jornal Science Advances, o objetivo do teste de cheiro de telescópio seria identificar planetas com um “desiquilíbrio químico na atmosfera”. Trata-se da presença de elementos incapazes de coexistir por um longo período de tempo, exceto pela existência de vida no lugar.

“Nós precisamos buscar uma quantidade razoavelmente abundante de metano e dióxido de carbono em um mundo que tenha água líquida na superfície, e encontrar uma ausência de monóxido de carbono”, disse o autor do estudo David Catling em nota publicada pelo Business Insider. Para o cientista, a presença desse elemento é um indício substancial de que há vida por perto nestes locais.

A ideia por trás do estudo poderia ser usada no novo telescópio espacial James Webb da NASA, que será lançado em 2019. O equipamento tem uma habilidade chamada “espectropia”, usada para medir ondas de rádio e luz. Esse recurso seria muito útil para “farejar” emissões feitas por gases quentes no espaço e identificar precisamente que elementos estão presentes nestes planetas.

Os autores do estudo apontam ainda que não seria suficiente procurar apenas por oxigênio, gás essencial para vida na Terra, em outros planetas. Afinal, não é garantido que organismos extraterrestres e outros serem sejam como nós, podendo até mesmo não precisar deste elemento.

De qualquer forma, não há muito tempo para que os cientistas convençam a NASA para usar a sua técnica “farejadora”. O telescópio James Webb já deve ser lançado no próximo ano em sua jornada em rumo a outros exoplanetas. No trajeto previsto, está o sistema Trappist-1, composto por sete planetas rochosos que podem ser habitáveis.