Apesar de ter uma proposta inovadora não só para os usuários como para os motoristas, a Uber está permitindo algumas estratégias típicas de taxistas brasileiros. De acordo com a agência Estadão Conteúdo, profissionais de São Paulo e do Rio de Janeiro cadastrados no app estão criando minifrotas e sublocando os veículos a outras pessoas, fixando metas e cobrando lucros.
O serviço de transporte alternativo permite que um motorista cadastre quantos carros quiser em seu perfil. Além disso, como não há qualquer relação trabalhista, a empresa não controla o vínculo entre proprietários de veículos e quem os aluga.
Os donos dos carros cobram entre R$ 500 e R$ 700 por semana pelo aluguel. De acordo com o Estadão, alguns proprietários fazem testes de uma semana com o interessado, com o objetivo de verificar se ele é rentável. Na maior parte dos casos, multas, combustível e problemas no carro ficam por conta do “terceirizado”. “Não estipulo metas, mas eles têm conta para pagar e precisam tirar pelo menos R$ 3 mil por mês para conseguir algum lucro. Se antes trabalhavam dez horas, depois que a tarifa caiu [redução de 15% no ano passado] passaram a trabalhar 14 horas porque precisam, por necessidade”, conta um motorista da Uber de 56 anos, dono de uma minifrota com três carros e três condutores em São Paulo.
Motoristas-fantasma
No Rio de Janeiro, motoristas da Uber afirmam que há pessoas terceirizando a própria conta. Assim, há mais de um carro circulando com o mesmo vínculo com o app. “Tem gente colocando outro para trabalhar no lugar. Ou com mais de um carro na mesma conta. São os fantasmas. É complicado, porque começam a vir as reclamações. As pessoas deixam de confiar. Comecei trabalhando só com Uber Black, mas já tive de aderir ao Uber X porque o rendimento caiu”, afirma um motorista identificado como Augusto, de 56 anos.