Ministério da Saúde prevê vacinação de 70 milhões de brasileiros até metade de 2021

Pasta conta com 100 milhões de doses de vacina da AstraZeneca mais 40 milhões da iniciativa Covax; contas não incluem as 100 milhões de doses da CoronaVac
Renato Santino10/10/2020 00h38, atualizada em 10/10/2020 00h50

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O Ministério da Saúde anunciou nesta sexta-feira (9) que deve ter disponíveis ainda no primeiro semestre de 2021 140 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 destinadas à população brasileira como parte do Programa Nacional de Imunização.

A maior parte dessas doses são fruto do acordo com a farmacêutica AstraZeneca, responsável pela pesquisa da vacina da Universidade de Oxford, no Reino Unido. O acerto prevê 100 milhões de doses entregues até a primeira metade de 2021. O restante virá da iniciativa Covax Facility, uma parceria global de distribuição de vacinas contra a Covid-19.

O ministério não inclui na conta doses da CoronaVac, a vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada no Brasil em parceria com o governo de São Paulo. A expectativa é de que a parceria renda mais 100 milhões de doses ainda no primeiro semestre, elevando o total para 240 milhões, mas é possível que as aplicações sejam destinadas primeiramente à população de SP. Eduardo Pazuello já confirmou um acerto para investir R$ 92 milhões na expansão da fábrica do Instituto Butantan, que produzirá a CoronaVac, mas ainda não há um acordo para distribuição nacional da fórmula.

O volume de 140 milhões de doses não será suficiente para cobrir toda a população brasileira, já que se espera que duas doses sejam necessárias para imunização. Quase todas as vacinas em fases mais avançadas de testes pedem duas aplicações, com exceção da Johnson & Johnson, que demonstrou bons resultados com apenas uma dose. Assim, espera-se que as doses confirmadas permitam vacinar 70 milhões de brasileiros.

O Ministério da Saúde definiu quem são os grupos prioritários na fila para a vacina. Primeiro, serão distribuídas doses para idosos com 80 anos ou mais, para portadores de morbidades e para os trabalhadores da área da saúde.

O ministério também anunciou que entre novembro e dezembro será apresentado o Plano de Imunização do Governo Federal para a Covid-19, que definirá prioridades de vacinação e como será feita a distribuição. Cidadãos deverão fornecer seu CPF no momento da aplicação, que permitirá monitoramento e rastreamento de cada dose aplicada. Isso permitirá não somente evitar que alguém se vacine mais do que uma vez, ou esqueça de tomar sua segunda dose, mas também acompanhar potenciais efeitos adversos.

O secretário executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco aponta que a previsão de início de vacinação está previsto para o primeiro trimestre do ano que vem, mas também ressalta que, neste momento, tudo o que se tem são protótipos de vacinas em testes, então o processo pode atrasar dependendo do andamento dos ensaios clínicos.

Para acelerar ainda mais a distribuição, a Anvisa também implementou um novo sistema de análise, que permite que os dados sejam enviados para avaliação conforme fiquem prontos, em vez de agência receber um dossiê enorme apenas após a conclusão dos experimentos. Com isso, a expectativa é que, se uma vacina se provar segura e eficaz, sua aprovação será mais ágil. Atualmente, as pesquisas da Sinovac e da AstraZeneca já estão passando por essa etapa de submissão contínua com as informações das fases iniciais dos testes clínicos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital