A Microsoft anunciou ontem o Azure Sphere, um sistema dedicado a garantir a segurança de dispositivos conectados à “Internet das Coisas” (IoT). O sistema é composto por três partes, e a mais interessante delas é o Azure Sphere OS, o sistema operacional que a Microsoft criou para gerenciar esses dispositivos: isso porque trata-se de uma versão do Linux customizada pela empresa.
De acordo com o Business Insider, o presidente da Microsoft, Brad Smith, anunciou o sistema em um evento em San Francisco. Para marcar o lançamento, ele ressaltou a ligação da Microsoft com o sistema operacional aberto: “Após 43 anos, esse é o primeiro dia em que estamos anunciando, e estaremos distribuindo, uma versão customizada do kernel do Linux”, disse. O vídeo abaixo mostra mais do projeto:
Perigo que une
Para o presidente da Microsoft, o fato de que atualmente muitos aparelhos diferentes (desde um computador até uma lâmpada) têm processadores é uma preocupação de segurança. Afinal, esses dispositivos – se conectados à rede – podem ser manipulados por pessoas mal-intencionadas para funcionar de maneiras diferentes do que as pretendidas. O melhor exemplo disso é a botnet Mirai, uma rede de dispositivos IoT que foi manipulada para comprometer a internet do mundo inteiro.
Com o objetivo de combater problemas desse tipo, a Microsoft lançou o Azure Sphere, que é uma medida de segurança em três frentes: hardware, software e nuvem. O hardware em questão é um design de microcontrolador elaborado pela própria empresa, e que ela pretende disponibilizar gratuitamente para fabricantes interessadas em produzí-lo.
Na frente do software é que entra o Azure Sphere OS, a versão do Linux que a Microsoft criou e pretende distribuir e suportar. Finalmente, na frente da nuvem, os dispositivos da Azure Sphere vão se conectar á nuvem da empresa de maneira regular para verificar sua integridade, e a Microsoft se compromete a oferecer atualizações de software a eles por até dez anos.
Amor e ódio
O lançamento do Azure Sphere OS é um dos passos mais significativos na lenta aproximação da Microsoft com o Linux. Essa aproximação começou quando Satya Nadella assumiu como seu CEO e se aprofundou em 2016, quando a empresa entrou para a Fundação Linux 15 anos após chamar o sistema operacional livre de “câncer”.
Mais recentemente, essa relação já vinha se intensificando, com a Microsoft até mesmo permitindo o download de distribuições do Linux por meio da própria Windows Store. E agora que a empresa não só lançou sua própria versão do sistema operacional aberto como está posicionando-a como um dos diferenciais de um produto seu, essa relação deve se tornar ainda mais próxima.