Nesta quarta-feira, 30, a Microsoft realizou a Build 2016, o evento anual com desenvolvedores em que a empresa apresenta suas estratégias para o futuro. Quem assistiu à conferência pode ter percebido um detalhe: foram necessárias quase 2 horas de evento para que a empresa fizesse a primeira menção ao Windows Phone, e ainda assim ela foi extremamente rápida e insignificante. Até o Android foi citado antes do Windows Mobile.

O Olhar Digital teve a oportunidade de apurar com a Microsoft com um porta-voz da empresa para questionar a ausência dos celulares no evento. O diretor Greg Sullivan diz que o objetivo no momento é impulsionar a plataforma universal, na qual está inserido o Windows Mobile, e não empurrar a plataforma de celulares por si só. “A Microsoft quer quebrar as barreiras entre as categorias de dispositivos”, explicou

No entanto, Terry Myerson, o vice-presidente da Microsoft que supervisiona a divisão do Windows e dispositivos, foi mais claro em contato com o site The Verge que o Windows nos celulares não é o foco da empresa neste ano. Que fique claro: a empresa ainda não desistiu dos telefones, mas claramente redirecionou os esforços.

“Estamos comprometidos com a tela de 4 polegadas, e haverá um momento em que ela será o nosso foco, mas neste momento, ela é parte da família, mas não é o centro de onde eu espero interesse de desenvolvedores neste ano”, afirmou Myerson. “Não há falta de reconhecimento da importância do formato, mas para a Microsoft com o Windows e para a nossa plataforma, não é o lugar certo para direcionarmos [o interesse de desenvolvedores]”, contou ele.

Interessante reparar que Myerson se refere a smartphones como “tela de 4 polegadas”. Isso é consequência direta da estratégia da Microsoft de levar um só Windows e a plataforma universal de aplicativos para todos os tamanhos de tela, desde as de 4 polegadas (celulares) até as de 80 polegadas ou maiores, com o Xbox One ligado a TVs e o Surface Hub.

Quando pressionado sobre o assunto, ele foi mais claro e sincero. “Se você quiser atingir muitos consumidores em telefones, o Windows Phone não é o jeito de fazer isso. Se você quer alcançar vários usuários de Windows, então ele será a maior base instalada entre telas entre 9 e 30 polegadas. Se você quer fazer coisas novas e empolgantes, o Xbox e o HoloLens são as áreas para discutir”, admitiu Myerson.

A perspectiva dele é incrivelmente honesta sobre a posição do Windows Phone (ou Mobile) no mercado. Com uma fatia pequena e cada vez menor do mercado mundial de celulares, a Microsoft começa a reforçar seus pontos mais fortes, que são os PCs e outras tecnologias mais novas e interessantes. Contudo, os smartphones ainda serão parte importante da estratégia de Windows universal, mas não a principal. “Nós ainda vamos fazer algumas coisas legais com celulares, mas neste ano eles são importantes, mas não são a ponta da lança”, completou Myerson.