Menos de 1% do mercado: os 5 motivos que levaram o Windows Phone ao buraco

Renato Santino24/05/2016 00h37

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Menos de 1% dos smartphones vendidos no mundo no primeiro trimestre de 2016 são Windows. É o pior resultado da Microsoft, e reflete uma nova estratégia da empresa que tem lançado menos aparelhos, basicamente admitindo a derrota no setor de smartphones.

A empresa não deve desistir da área, no entanto, já que os smartphones são uma parte importante da estratégia de “Um Windows” da Microsoft, que prevê um sistema operacional para todos os tipos de dispositivos computacionais, incluindo também tablets, laptops, desktops, TVs, internet das coisas e o HoloLens. Devemos continuar vendo mais celulares da empresa, mas o fato é que a companhia não tem boas perspectivas.

Mas como chegamos a este ponto? Vamos rever os problemas que levaram o Windows Phone ao buraco de hoje:

Demora na resposta à concorrência

A Microsoft esteve desde os anos 1990 investindo no Windows para celulares, mas, como sabemos, foi só na metade dos anos 2000 que a indústria de smartphones amadureceu o bastante para que o software pudesse fazer mais diferença. Era o caso do BlackBerry, do Symbian e do recém-chegado iOS, que começaram a dominar o mercado.

A resposta da Microsoft à esta concorrência só veio em 2010, com o Windows Phone 7, quando o iPhone já começava a engolir o mercado, e o Android chegava à versão 2.3 (Gingerbread), que se tornou amplamente popular por muitos anos. A interface com os blocos dinâmicos característicos do Windows 8 (que foi um fracasso de público) não caíram no gosto da maior parte do público, já acostumados com outro tipo de experiência.

Blocos dinâmicos não agradaram o grande público

É uma questão de gosto: normalmente os apoiadores do Windows Phone adoram a interface com os blocos dinâmicos que se tornou a identidade da Microsoft desde a versão 7, justificando que elas oferecem interatividade e organização como nenhum outro concorrente.

No entanto, o fato é que os blocos nunca caíram no gosto do público, que se acostumou com o visual e usabilidade do iOS e do Android, que são bem parecidos em muitos aspectos.

Falta de apoio de fabricantes

Às vezes é difícil de lembrar, mas o Windows Phone foi concebido para estar em uma gama enorme de smartphones, de todas as marcas, feito por todas as empresas. Na prática, apenas a Nokia abraçou o projeto Windows Phone, recusando-se a seguir a via do Android quando o Symbian ficou ultrapassado, já que todos os seus concorrentes seguiam a mesma rota. A explicação lógica era de criar um diferencial em relação aos rivais.

Os anos passaram, a Nokia perdeu mercado e acabou sendo comprada pela própria Microsoft, que veio posteriormente a admitir perdas bilionárias como resultado da aquisição. Desde a fusão, no entanto, a Microsoft é basicamente a única empresa relevante fazendo smartphones Windows, exceto por algumas iniciativas de empresas menores na área de celulares como Alcatel, Acer ou HP.

Lentidão nas atualizações

Android e iOS recebem atualizações anuais cheias de novidades e recursos diferentes. O Windows Phone, não. Em 2012 foi lançado o WP 8; em 2014 saiu a atualização WP 8.1 e só em 2016 foi publicado o Windows 10 Mobile. É um ciclo muito lento de atualizações que fez com que os recursos que os concorrentes não tinham pudessem ser igualados e superados

Não ajudou o caso do Windows Phone 8, também não ajudou o fato que a Microsoft alienou completamente sua base de usuários que usava o Windows Phone 7 (7.5 e 7.8), não permitindo que nenhum dos aparelhos fosse atualizado para a nova versão. Se você acha que o WP 8 já tinha pouco suporte de desenvolvedores de aplicativos, experimente viver com um aparelho WP 7 para saber o que é sofrimento.

Falta de aplicativos

Finalmente, chegamos ao principal problema do Windows como plataforma, que é um sintoma de tudo que foi dito anteriormente: os aplicativos nunca vieram. Por ter a menor base de usuários, o Windows foi sempre relegado a um segundo plano na hora de desenvolver e manter o suporte aos aplicativos.

Com isso, o público se acostumou a ver aplicativos sendo lançados primeiro para Android e iOS (normalmente o iOS tem prioridade sobre o Android), e só depois de muito tempo ganhar uma versão para Windows Phone. Isso quando ganha, visto que o Snapchat, um dos aplicativos mais populares do mundo, por exemplo, não tem uma versão oficial até hoje.

Os usuários se acostumaram a lidar com versões alternativas, às vezes até melhores que as oficiais, como é o caso do tradicional 6tag, a melhor alternativa para usar o Instagram no Windows por muito tempo. O problema destas versões alternativas é que elas dependem, normalmente, de um desenvolvedor apaixonado interessado em alavancar a plataforma, como Rudy Huyn, que mantia vários destes apps (6tin para o Tinder, 6sec para o Vine e o CloudSix para o Dropbox) na loja do Windows. No entanto, às vezes as intenções não são tão boas assim, e um app alternativo pode ser feito com o intuito de roubar informações do usuário, ou a segurança pode não ser feita com cuidado. Há um tempo, usuários de um destes clientes para o Snapchat tiveram fotos vazadas na internet porque a segurança não foi feita da forma correta.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital