Médicos poderão usar ímãs para remover bactérias do sangue

Redação08/12/2016 12h27, atualizada em 08/12/2016 12h55

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Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard, do Instituto Adolphe Merkle e do instituto de pesquisas EMPA está desenvolvendo um novo método de tratar infecções bacterianas. O tratamento envolve o uso de partículas de ferro para magnetizar as bactérias, que em seguida podem ser removidas do sangue com um ímã.

Os pesquisadores conseguem pegar os anticorpos do paciente, revesti-los com partículas de ferro e inseri-los novamente no corpo do paciente. Esses anticorpos então se ligam às bactérias que estão provocando a infecção, como anticorpos normalmente fazem.

Em seguida, usando uma máquina de hemodiálise, os médicos conseguem fazer com que o sangue do paciente passe por um ímã que remove os anticorpos férreos – e com eles as bactérias. O sangue volta então ao corpo do paciente sem as bactérias, removendo o agente causador da infecção.

Como infecções bacterianas no sangue são extremamente perigosas, médicos costumam receitar antibióticos ao primeiro sinal de que isso possa estar acontecendo. No entanto, o uso indiscriminado desse tratamento pode levar as bactérias a desenvolver uma resistência aos antibióticos, tornando-as mais difíceis de se eliminar. Esse novo tratamento permitiria que os médicos evitassem correr tal risco. A imagem abaixo mostra, no canto inferior direito, uma solução com bactérias “magnetizadas” sendo atraídas por um ímã:

Reprodução

Uso específico

De acordo com o New Atlas, os primeiros testes realizados com esse método foram “promissores”. No entanto, há ainda um aspecto inconveniente sobre ele: cada anticorpo é capaz de se ligar apenas a um tipo de bactéria. Por isso, antes de partir para o tratamento, os médicos precisam identificar com precisão o anticorpo a ser revestido com ferro.

Além disso, caso a infecção seja causada por mais de um tipo de bactéria, seria necessário realizar o procedimento várias vezes. Primeiro, revestindo de ferro o anticorpo correspondente a uma bactéria e passando o sangue do paciente pela máquina de hemodiálise; em seguida, fazendo o mesmo procedimento para cada uma das bactérias que estivessem provocando a infecção.

Para contornar esse problema, no entanto, os pesquisadores estão criando um anticorpo que é capaz de se ligar a quase todas as bactérias que causam infecções sanguíneas. Embora o anticorpo não seja capaz de combater a bactéria, esse não é seu propósito: sua função é apenas ligar-se a elas. Com isso, ele pode ser revestido de ferro e “arrastar” todas as bactérias para fora do sangue do paciente de uma vez só.

Resíduos

Há, ainda, outra preocupação relacionada a esse novo tratamento. É possível que, finda a terapia, algunas partículas de ferro permaneçam no corpo do paciente. A equipe de pesquisa, no entanto, já está pensando em algumas soluções para esse problema. Uma delas seria fazer com que as partículas de ferro remanescentes se unissem em grupos maiores para que se tornassem mais sensíveis ao ímã.

Fora isso, os pesquisadores já conseguiram demonstrar, numa simulação in vitro, que as partículas de ferro que sobram na corrente sanguínea podem ser decompostas pelo organismo em cerca de cinco dias. Ainda assim, mais testes serão necessários antes que o tratamento seja liberado para pacientes. Isso porque ele deve ser feito no início da infecção, antes que ela possa se espalhar para outros órgãos do corpo, e porque os efeitos sobre pacientes instáveis ou com outros problemas ainda não está claro.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital