Máscaras de oxigênio do Boeing 787 não funcionam, diz ex-funcionário

"Acredito que seja apenas uma questão de tempo até que algo grande aconteça com o 787", afirmou o John Barnett, ex-engenheiro que descobriu os problemas nas aeronaves
Redação07/11/2019 17h18, atualizada em 07/11/2019 19h10

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Máscaras de oxigênio são um recurso de segurança obrigatório em aeronaves. Elas podem salvar a vida de centenas de passageiros, caso haja uma queda de pressão durante a voo, por exemplo. No entanto, John Barnett, ex-engenheiro de controle de qualidade da Boeing, revelou à BBC que 25% dos sistemas de oxigênio do 787 Dreamliner, que ele testou em 2016, não funcionavam corretamente. Mesmo assim, de forma irresponsável, a empresa instalou os aparelhos em novos modelos, ignorando o aviso dado pelo ex-funcionário da companhia.

Barnett trabalhou na Boeing por 32 anos, os últimos sete como gerente de qualidade na fábrica da empresa em North Charleston, Carolina do Sul. O engenheiro, que se aposentou em 2017, afirmou que quando estava desativando alguns sistemas de oxigênio de emergência danificados em 2016, notou que algumas das garrafas que eram para conter o gás não estavam descarregando adequadamente.

Para solucionar a questão, Barnett e uma unidade de pesquisa e desenvolvimento da Boeing realizaram um teste com 300 sistemas de oxigênio não danificados e “esgotados”. Os resultados mostraram que 75 deles não foram implantados corretamente. O engenheiro contou que, após abordar o problema, os gerentes da empresa trataram a descoberta com descaso e frustraram suas tentativas de ir a fundo na questão.

Somente quando ele tentou relatar o problema à Administração Federal de Aviação, a Boeing respondeu que “estava trabalhando no assunto”. Embora tenha admitido posteriormente o problema com algumas máscaras do 787, a Boeing contesta a versão do ex-funcionário sobre como os fatos se sucederam.

“Removemos essas garrafas da produção para que não fossem colocadas nos aviões”, disse a empresa. “Também abordamos o assunto com nosso fornecedor”. Após relatar o caso a Boeing, Barnett se aposentou “voluntariamente” um ano depois, segundo a empresa. O ex-funcionário discorda, dizendo que foi forçado a tomar a decisão, porque as tentativas da Boeing de “denegrir seu personagem e dificultar sua carreira por causa dos problemas que ele apontou” o deixaram sem outras opções.

No momento, Barnett está processando a Boeing por esta suposta retaliação. “Com base nos meus anos de experiência e histórico de acidentes de avião, acredito que seja apenas uma questão de tempo até que algo grande aconteça com o 787”, disse. “Eu rezo para que eu esteja errado”.

Os problemas apresentados por Barnett não foram os únicos que a Boeing tem enfrentado nos últimos anos. A companhia admitiu em outubro que alguns aviões 737 NG apresentaram rachaduras em sua estrutura. Além disso, em março, a empresa encerrou toda sua frota de jatos comerciais 737 MAX após dois acidentes fatais.

Via: Futurism

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital