Novos documentos divulgados pela CNN revelam que o fundador do WikiLeaks Julian Assange recebeu encomendas, possivelmente com materiais hackeados, relacionados à eleição de 2016 dos Estados Unidos (EUA) na Embaixada do Equador em Londres nos meses anteriores ao pleito norte-americano.

Centenas de relatórios foram obtidos por uma empresa privada de segurança chamada UC Global contratada pelo governo equatoriano. Eles revelam que Assange transformou a embaixada em um centro de operações para interferir nas eleições dos EUA, vencidas pelo atual presidente Donald Trump.

De acordo com os relatórios, Assange reuniu-se com autoridades russas e hackers em encontros frequentes que duravam “por horas a fio”, diz a reportagem. A partir dessas reuniões, o fundador do WikiLeaks orquestrou várias divulgações prejudiciais que abalaram a campanha presidencial de 2016 nos EUA. A autenticidade dos documentos foi confirmada por um oficial da inteligência equatoriana.

Assange estava em asilo na Embaixada do Equador em Londres desde 2012, para evitar extradição para a Suécia por acusações de violência sexual, e permaneceu lá por quase sete anos. No dia 11 de abril deste ano, ele foi preso pela polícia britânica após o Equador revogar sua cidadania equatoriana, o que finalizou seu refúgio pelo país. Atualmente, Assange foi condenado pela corte britânica a uma pena de 50 semanas de prisão por não pagar a fiança enquanto aguardava a extradição para a Suécia em 2012.

Já refugiado na embaixada, ele foi acusado pelo governo norte-americano de ajudar na interferência da Rússia na eleição de 2016. Naquele ano, o WikiLeaks publicou mais de 19 mil e-mails sigilosos da campanha de Hilary Clinton e de integrantes do Partido Democrata meses antes da votação para presidente. À época, Assange afirmou não estar envolvido no vazamento, mas defendeu o interesse público da divulgação.

No entanto, os registros de segurança que a CNN teve acesso indicam que Assange gerenciou pessoalmente a publicação dos e-mails “diretamente da embaixada”. Em 2016, a empresa UC Global já havia emitido uma avaliação de Assange e concluiu que não havia “dúvidas de que há provas” que comprovam ligações dele com agências de inteligência russas.

Assange e os vazamentos do WikiLeaks nas eleições de 2016 dos EUA

Segundo a reportagem, Assange obteve equipamentos de computação e rede de alta tecnologia para facilitar a transferência de grandes quantidades de dados apenas semanas antes de o WikiLeaks receber arquivos hackeados de agentes russos.

Em junho de 2016, o Comitê Nacional Democrata anunciou que havia sido hackeado e culpou a Rússia. As informações divulgadas pela CNN revelam que, neste período, Assange fez 75 reuniões. Nesses encontros, ele se reunia com com cidadãos russos e com hackers.

Dias depois do Partido Democrata ter comunicado a invasão, Assange pediu à embaixada do Equador em Londres que aumentasse a velocidade da internet e foi atendido. Depois, os relatórios da UC Global mostram que, no mês seguinte, em julho, os hackers russos enviaram arquivados encriptados ao WikiLeaks sob o nome “arquivo grande”.

Ainda em julho, imagens de segurança obtidas pela empresa mostram que um guarda da embaixada foi receber um pacote entregue por um homem usando máscara e óculos escuro. Quatro dias depois da encomenda chegar ao local, o WikiLeaks publicou mais 20 mil documentos da comunicação interna do Partido Democrata.

Nessa época, o governo norte-americano alertou às autoridades equatorianas que temia que Assange estivesse ajudando russos a intervir na eleição presidencial de dentro da embaixada. Em 15 de outubro, depois de receberem um ultimato dos EUA, o acesso à internet de Assange e sua linha telefônica foram cortados.

Fonte: CNN