A Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN) é famosa por seu colisor de partículas, mas também possui instalações que podem testar outros ambientes de alta energia semelhantes aos encontrados no espaço. Agora, essas instalações estão sendo usadas para testar futuras naves espaciais para ver se elas são à prova de radiação. Uma delas é a missão Jupiter Icy Moons Explorer, ou JUICE, que será lançada pela Agência Espacial Europeia (ESA) em 2022.
Anteriormente, os cientistas da ESA queriam saber a que tipo de ambiente a nave espacial será submetida quando enfrentar o enorme campo magnético de Júpiter. O campo magnético tem um volume de um milhão de vezes se comparado ao da magnetosfera da Terra, e preso internamente ao campo, estão partículas carregadas energeticamente. Essas partículas formam cinturões de radiação que bombardeiam as embarcações visitantes com altos níveis de radiação, que podem ser prejudiciais aos eletrônicos.
Para ver como o hardware JUICE lidará com essa radiação, a ESA pegou emprestado o feixe de radiação mais intenso do mundo – um localizado em uma instalação do CERN chamado VESPER (instalação de elétrons muito energéticos para missões de exploração planetária espacial em ambientes radiativos hostis). Agora, ele está trabalhando ao lado do CERN para desenvolver o protocolo de testes para outras missões futuras, como a que foi proposta para analisar Netuno e Urano.
“O ambiente de radiação com o qual o CERN trabalha dentro de seus túneis e áreas experimentais está muito próximo do que temos no espaço. A física subjacente da interação entre partículas e componentes é a mesma, por isso faz sentido compartilhar o conhecimento de componentes, regras de projeto e ferramentas de simulação. Além disso, o acesso às instalações do CERN nos permite simular o tipo de elétrons de alta energia e raios cósmicos encontrados no espaço”, explicou Véronique Ferlet-Cavrois, chefe da Divisão de Sistemas de Energia da ESA em um comunicado.
Entretanto, o teste de radiação não é apenas para sondas. Outra consideração importante é como a radiação espacial afeta os astronautas que passam através dos cinturões de radiação mais próximos da Terra, como Petteri Nieminen, chefe dos Ambientes e Efeitos Espaciais da ESA, explicou: “A capacidade de simular raios cósmicos beneficia um grande número de missões. enorme interesse pelo voo espacial humano e exploração para estudar os efeitos radiobiológicos dos raios cósmicos de íons pesados no DNA dos astronautas”.
Via: Digital Trends