O aplicativo “Like Patrol”, como o próprio nome sugere, possui a função de monitorar a interação dos amigos de um usuário nas redes sociais, recurso semelhante ao que o Instagram fornecia com a aba “Seguindo”, retirada do ar no início de outubro. O novo app chamou a atenção das pessoas por terceirizar a função anteriormente utilizada pelo Instagram, o que levou alguns críticos a chamar a atividade de stalkware, ou ao menos flertar com este tipo de espionagem. 

Após uma notificação da CNET de que o app estaria utilizando ferramentas de monitoramento na rede social, o Instagram enviou um pedido de cessação e desistência à empresa, alegando uma violação em suas regras. O “Patrol” foi lançado em julho deste ano, e possui uma assinatura semanal de US$ 2,99 e anual de US$ 80. 

“Isso viola nossas políticas e tomamos medidas contra as empresas que consideramos envolvidas. Como a Patrol estava compartilhando os dados das pessoas, estamos tomando as medidas apropriadas contra elas”, disse um porta-voz do Facebook.

Os aplicativos stalkware podem rastrear e enviar dados de localização, contatos e registros de chamadas e mensagens. O “Patrol” não fornece dados que corroborem com a nomenclatura, mas se assemelha ao título devido à finalidade de uso, que incentiva as pessoas a monitorar as atividades de outras. “Ele está monitorando as atividades de uma pessoa, compilando-a e enviando-a como um relatório”, disse Wendy Zamora, chefe da empresa de segurança cibernética Malwarebytes. 

O fundador do “Patrol”, Sergio Luis Quintero, argumenta que as informações são dados públicos e, por isso, podem ser usadas. Em seu site, a empresa escreveu: “Cara novo? Garota nova? O que eles estão fazendo no Instagram?”. A declaração é explícita ao dizer para espionar os parceiros amorosos, o que pode levar a relacionamentos abusivos. 

O app também envia notificações sempre que alguém que o usuário segue curtir alguma publicação ou um comentário. Ele divide as informações por gênero e fornece uma lista com contas que o usuário espionado mais interage. Além disso, o “Patrol” afirma ter um algoritmo que reconhece quando uma pessoa curte alguma publicação de alguém considerado atraente. 

‘Seguindo’

Apesar do Instagram não ter inventado o “Patrol”, as ferramentas usadas pelo app são semelhantes às utilizadas pela rede social desde 2011, quando criou a aba “Seguindo”. Nele, o usuário poderia ter acesso às atividades recentes de seus seguidores, como quem eles começaram a seguir ou que foto curtiram. 

“O Facebook construiu essa cultura. Os aplicativos estão apenas atendendo às necessidades do público, que agora foi atendida”, disse Jennifer Grygiel, professora assistente da Syracuse University, que estuda mídias sociais. 

Assim que removeu o recurso de sua plataforma, o Instagram também se livrou dos dados necessários para construir o algoritmo. Quintero, então, revelou que sua equipe desenvolveu um algoritmo próprio para verificar o dinamismo das pessoas na rede. 

O fundador defendeu o aplicativo dizendo que ele pode afastar as pessoas que usam o Instagram da rede social e, assim, melhorar a privacidade dos relacionamentos. “Nossa esperança a médio e longo prazo é que, se um número suficiente de pessoas souber de nossa existência, elas possam pensar duas vezes antes de se comportar de maneira inadequada”, disse.