Xiaomi e Huawei são duas das maiores e mais importantes marcas chinesas de smartphones do momento. Embora com pouca presença no Brasil, as duas empresas também chamam a atenção do consumidor brasileiro que não abre mão de um bom celular por um preço justo – mesmo que, para isso, precise importar um aparelho do outro lado do mundo.
O Huawei P30 Pro é o lançamento mais recente e mais poderoso da Huawei no momento. O celular tem uma câmera quádrupla com zoom híbrido de até 10x e nada menos do que 40 megapixels de resolução, o que lhe garantiu a liderança no ranking do DxOMark das melhores câmeras de celular do mundo.
O Xiaomi Mi 9 é, por sua vez, o principal celular do portfólio atual da Xiaomi. O aparelho também não faz feio na câmera – três sensores que atingem 48 megapixels de resolução -, mas chama a atenção mesmo é pelas especificações de ponta e o preço mais acessível que o de concorrentes com ficha técnica parecida.
Pensando em você que está interessado em comprar um Xiaomi ou um Huawei, decidimos comparar os principais smartphones de cada marca para te ajudar a decidir qual top de linha vale mais a pena. Diga nos comentários o que você acha e qual batalha de smartphones você quer ver aqui no Olhar Digital.
Xiaomi Mi 9: ficha técnica
- Tela: 6,3″, Super AMOLED, Full HD+ (2340 x 1080);
- Processador: Snapdragon 855 (octa-core de 2,4 GHz);
- Memória: 6 GB, 8 GB ou 12 GB de RAM;
- Armazenamento: 64 GB ou 128 GB;
- Câmera traseira:
- 48 MP com lente padrão (f/1.7);
- 16 MP com lente ultra-wide (f/2.2);
- 12 MP com lente teleobjetiva (f/2.2);
- Câmera frontal: 20 MP (f/2.0);
- Bateria: 3.300 mAh;
- Sistema: Android 9 Pie com MIUI 10.
Huawei P30 Pro: ficha técnica
- Tela: 6,4″ OLED, Full HD+ (2340 x 1080);
- Processador: Kirin 980 (octa-core de 2,6 GHz);
- Memória: 8 GB de RAM;
- Armazenamento: 128 GB, 256 GB ou 512 GB (expansível por Nano Memory);
- Câmera traseira:
- 40 MP com lente padrão (f/1.6) e OIS;
- 8 MP com lente teleobjetiva (f/3.4);
- 20 MP com lente ultra-wide (f/2.2);
- Sensor de profundidade ToF (time-of-flight);
- Câmera frontal: 32 MP (f/2.0);
- Bateria: 4.200 mAh;
- Sistema: Android 9 Pie com EMUI 9.1.
Xiaomi vs Huawei: tela
A tela é o componente com o qual o usuário mais interage no smartphone, e nesse quesito Huawei e Xiaomi são bem parecidos. O Mi 9 tem 6,3 polegadas e o P30 Pro tem 6,4, mas a diferença é tão pequena que, no dia a dia, é quase impossível perceber. Os dois aparelhos têm leitor de impressões digitais integrado à tela.
Ambos têm um entalhe central no topo do display, um recorte no formato de uma gota para abrigar a câmera frontal. A resolução também é a mesma e o material usado na construção do display é basicamente o mesmo: OLED no Huawei e AMOLED no Xiaomi. Entenda a diferença entre OLED e AMOLED aqui.
Resultado: empate.
Xiaomi vs Huawei: processador, memória e desempenho
Aqui, as coisas começam a ficar diferentes. O Xiaomi vem com um bom e velho processador Snapdragon 855, o top de linha fabricado pela Qualcomm que está na maioria dos smartphones mais poderosos do mercado, incluindo os da linha Samsung Galaxy S10.
Já o Huawei P30 Pro usa um chipset fabricado pela própria Huawei, o Kirin 980. Olhando friamente os números, o Xiaomi Mi 9 tem uma leve vantagem na velocidade de um dos oito núcleos do processador, que chega a 2,8 GHz, enquanto o rival diz chegar “só” até 2,6 GHz.
Mais uma vez, estamos falando de uma diferença extremamente pequena e que, no uso diário, pode ser imperceptível. Vale notar que o desempenho de um aparelho não se deve somente ao processador: é preciso levar em conta a memória RAM e armazenamento.
Neste caso, o Huawei tem uma versão com mais memória RAM (8 GB contra 6 GB do Xiaomi), mas a fabricante não informa mais especificações do componente. Além disso, a forma como cada empresa otimiza o sistema operacional para tirar o melhor proveito do processador e da memória também pode fazer toda a diferença.
Em testes de benchmark (que avaliam a velocidade do sistema), o Xiaomi Mi 9 ganha do Huawei P30 Pro: o primeiro faz 389 mil pontos, enquanto o segundo fica na casa dos 308 mil pontos. O fato de o processador que a Xiaomi usa ser um Qualcomm Snapdragon, mais conhecido e teoricamente confiável que o Kirin 980, também conta a favor da empresa.
Enquanto não podemos ter os dois aparelhos em mão para tirar a prova de quem é mais rápidos, os benchmarks são nosso único parâmetro objetivo e eles dão vantagem ao Mi 9. Isso se compararmos apenas as versão de 6 GB de RAM dos dois celulares, para manter o comparativo em pé de igualdade.
Além disso, o processador Snapdragon, por ter mais confiança da própria indústria de celulares, é considerado um pouco mais confiável que o Kirin, sacramentando a vitória da Xiaomi neste quesito. Não há dúvida de que os dois smartphones são muito poderosos e que dificilmente decepcionarão os usuários, mas, nos detalhes, o Mi 9 supera o P30 Pro neste comparativo.
Resultado: vence o Xiaomi Mi 9, mas por muito pouco.
Xiaomi vs Huawei: câmeras
Aqui a briga fica realmente acirrada. O conjunto de câmeras do Huawei P30 Pro rendeu ao smartphone o título de celular com “a melhor câmera do mundo” no ranking do site especializado em fotografia DxOMark. O Xiaomi Mi 9, porém, não fica longe: na quinta posição.
Vamos decifrar a câmera do Huawei P30 Pro primeiro. Afinal, são quatro sensores só na parte traseira cheios de especificações técnicas que vão muito além do número de megapixels. O conjunto de câmera quádrupla usa componentes da marca Leica e é composto por:
- 1 sensor ultra-wide (lente grande-angular) de 20 MP de resolução, 16 milímetros de distância focal e abertura de f/2.2;
- 1 sensor SuperSpectrum de 40 MP de resolução, filtro RYYB, lente de 27 milímetros, estabilização óptica e abertura de f/1.6 e medindo 1/1,7 polegada;
- 1 sensor SuperZoom de lente teleobjetiva com 8 MP de resolução, design periscópio com 125 milímetros de distância focal, estabilização óptica e abertura de f/3.4;
- 1 sensor ToF (Time of Flight) para detectar profundidade de uma cena medindo o tempo que a luz demora para ir e voltar.
O que tudo isso faz? Na prática, a Huawei garante que o P30 Pro consegue tirar fotos de até 40 megapixels de resolução com detalhes refinados e capazes de capturar muita luz até mesmo em ambientes escuros e fechados, além de um efeito bokeh (em que o fundo fica borrado, dando destaque ao primeiro plano) melhor que o de concorrentes. O grande destaque, porém, fica por conta do zoom óptico.
Graças ao sistema quádruplo, o smartphone consegue registrar fotos com zoom óptico de até cinco vezez (5x), zoom híbrido – meio óptico, meio digital – de até dez vezes (10x) e zoom máximo digital de até 50 vezes (50x) usando um design de periscópio que garante que a câmera enxergue longe sem perder qualidade. Ou, pelo menos, é o que a fabricante promete.
Agora, vamos à câmera do Xiaomi Mi 9. Embora sejam “apenas” três sensores, e não quatro como o rival, o conjunto do Mi 9 também tem seus atributos e é formado por:
- 1 sensor principal Sony IMX586 de lente padrão com 48 MP de f/1.75;
- 1 sensor secundário de 16 MP com lente ultra-wide de f/2.2;
- 1 sensor terciário de 12 MP com lente teleobjetiva de f/2.2.
Mas qual é o benefício deste conjunto de câmeras? De acordo com a Xiaomi, a câmera de 48 MP oferece melhores fotos, especialmente, em ambiente com baixa luminosidade, devido à união dos pixels, função conhecida por pixel-binning. Contudo, para usar o recurso, é preciso acessar o modo avançado da câmera. Além disso, a lente ultra-wide oferece um campo de visão de 117° e recursos de inteligência artificial.
O Xiaomi Mi 9 pode até ter um conjunto de câmeras muito competente, mas, pelo menos no papel, não é páreo para a câmera quádrupla do Huawei P30 Pro. Este último não só tem um sensor a mais, mas utiliza o conjunto completo de uma forma mais caprichada (oferecendo zoom óptico, por exemplo) e, segundo especialistas, tira fotos melhores.
É importante destacar que, nesta faixa de preço, a dos smartphones premium, a “qualidade” de uma câmera depende muito de gosto pessoal também. Tanto o Xiaomi quanto o Huawei conseguem registrar fotografias impressionantes e muito melhores do que a maioria dos celulares do mercado. Mas, objetivamente falando, o P30 Pro leva vantagem nas especificações.
Resultado: vence o Huawei P30 Pro e sua câmera quádrupla.
Xiaomi vs Huawei: bateria
Não adianta tanto poder de processamento e ter que ficar pendurado na tomada toda hora. Bateria é um dos componentes mais importantes de um smartphone, mas é, também, um dos mais subestimados pelos usuários na hora de comprar um novo celular. E, neste ponto, temos dois concorrentes bem distintos aqui.
Como os dois usam componentes parecidos e têm telas de quase o mesmo tamanho e resolução, a célula de energia da Huawei, por ser maior (4.200 mAh contra 3.300 mAh do Xiaomi) leva uma vantagem e tende a durar mais. Tudo depende de como o software equilibra o gasto de energia, mas é muito difícil que o Mi 9 dure mais tempo fora da tomada que o P30 Pro com uma bateria tão menor.
O P30 Pro também tem o sistema de câmera quádrupla que, sozinho, pode ajudar a gastar muito mais energia do que a câmera tripla do Mi 9. Mas a não ser que você fique tirando fotos o tempo inteiro, este é um momento de pico de energia que não deve ser recorrente. No dia a dia, o Huawei tende a durar mais – a não ser que o seu sistema de gerenciamento seja um completo fiasco, o que não podemos atestar sem experimentar o aparelho em mãos, mas que é difícil de acreditar considerando a boa fama da marca.
Só que tempo de carga não é tudo: é preciso levar em conta também o tempo de recarga do aparelho. Começando pelo Xiaomi Mi 9. Um dos recursos que só ele tem é o suporte a carregamento sem fio usando um carregador de 20W. A fabricante diz que seu carregamento wireless é até 37% mais rápido que o normal, de 10W. O P30 Pro tem suporte a carregamento sem fio, mas só usando carregadores de até 15W.
O Huawei P30 Pro também tem seus trunfos no quesito recarga de bateria. O celular vem com recurso de “recarga reversa” que permite usar o próprio aparelho para recarregar, sem fios, um outro smartphone, como o iPhone XS, por exemplo. Só é bem mais lento do que outros métodos de carregamento e, por isso, indicado só para momentos de desespero.
O celular da Huawei tem uma bateria mais densa e que, teoricamente, dura mais. O Xiaomi compensa essa desvantagem com um sistema de recarga muito mais rápido. Porém, vale mais um celular que você pode passar mais tempo útil usando fora da tomada do que um que fica menos tempo na tomada e, igualmente, menos tempo longe dela.
Resultado: vence o Huawei P30 Pro com sua bateria mais densa.
Xiaomi vs Huawei: extras e recursos exclusivos
Processador, memória, bateria e câmeras são componentes que todo celular tem. Mas, agora, vamos falar daquilo que difere Xiaomi e Huawei, das características únicas e recursos exclusivos que cada celular tem e que podem desequilibrar o comparativo.
Em termos de design, os dois também são diferentes. O Xiaomi Mi 9 tem 7,6 milímetros de espessura e pesa 173 gramas. A tela ocupa 90,7% de toda a parte frontal do aparelho. Já o P30 Pro é um pouco mais grosso (8,4 milímetros) e mais pesado (192 gramas), enquanto o seu display ocupa cerca de 88,6% da parte frontal do dispositivo. Ou seja, proporcionalmente, a tela do Mi 9 é mais “cheia” que a do Huawei.
As outras diferenças no design são puramente estéticas. O Xiaomi Mi 9, por exemplo, tem uma variante com traseira “translúcida” que dá a impressão de estar mostrando os componentes internos do aparelho (mas não está de verdade). Já o P30 Pro tem várias versões com cores chamativas e “holográficas”, como a fabricante diz.
Em comum, os dois smartphones têm leitores de impressão digital integrados à tela. Nos dois, o sensor é óptico, e não ultrassônico, como o Galaxy S10, supostamente mais rápido e preciso na leitura das digitais. Os dois usam versão modificadas do Android 9 Pie e apostam em recursos de inteligência artificial para melhorar o software em diversas funções. Ambos têm proteção contra água e poeira por certificação IP68.
Mas o que realmente difere os dois smartphones é o conjunto de câmeras, como apontado no item anterior. O Huawei P30 Pro usa uma série de tecnologias e sistemas inéditos para criar fotos com alto zoom óptico, precisão no efeito bokeh e preservação de detalhes em pouca luz. O Mi 9 não tem nada de realmente inédito em seu sistema de câmeras, embora faça fotos de alta qualidade. O seu diferencial é mesmo o carregamento sem fio mais rápido do mundo.
Excluindo o quesito câmera deste comparativo – visto que já comparamos as câmeras dos dois celulares e a Huawei foi a vencedora -, o Xiaomi Mi 9 tem por diferencial o design mais leve e fino e o carregamento sem fio mais rápido, recursos que o dão alguma vantagem sobre o concorrente, mas não são suficientes para desequilibrar de vez a disputa.
Resultado: vence o Xiaomi Mi 9, com seu carregamento sem fio mais rápido e design mais fino e leve.
Conclusão: qual é o melhor?
Antes de darmos o veredito sobre qual compra é mais segura, é preciso levar em conta aquele que é, talvez, o fator mais importante a se levar em conta no momento de adquirir um smartphone da China: o preço. Vale lembrar que não adianta dar a vitória ao mais barato, é preciso levar em conta qual tem a melhor relação de custo-benefício.
Vamos aos preços oficiais do Mi 9 na China:
- Xiaomi Mi 9 (6 GB de RAM): 2.999 iuanes;
- Xiaomi Mi 9 (8 GB de RAM): 3.299 iuanes;
- Xiaomi Mi 9 (12 GB de RAM, Transparent Edition): 3.999 iuanes.
Em sites de importação da China, como o Gearbest, o valor pode variar dependendo da época do ano em que você acessar. No momento em que este texto está sendo produzido, o Xiaomi Mi 9 pode ser encontrado na internet brasileira custando entre R$ 2.000 e R$ 4.000. A cotação da moeda chinesa frente ao real, que muda com frequência, também pode afetar o preço final para os brasileiros. Na conversão direta, os valores variam de R$ 1.762 a R$ 2.350.
E, agora, aos preços oficiais do P30 Pro, na Europa:
- Huawei P30 Pro (128 GB): € 999;
- Huawei P30 Pro (256 GB): € 1,099;
- Huawei P30 Pro (512 GB): € 1,249.
Já o Huawei P30 Pro será lançado no Brasil em maio. A fabricante já anunciou que o smartphone será vendido oficialmente no país, com direito a assistência técnica e tudo o mais, mas será importado, o que deve impactar negativamente o preço para o consumidor final. No momento em que este artigo é escrito, o valor do aparelho, na conversão direta do euro para o real, sai por entre R$ 4.440 e R$ 5.551. Sem contar impostos.
Como já era de se esperar, o Xiaomi Mi 9 é nitidamente muito mais barato que o Huawei P30 Pro. Por um preço bem mais baixo, você leva para casa um celular com processador de ponta, muita memória RAM, uma câmera tripla competente e um aparelho de design fino e leve com o sistema de carregamento sem fio mais rápido do mundo.
Já pelos milhares de euros cobrados no Huawei P30 Pro, você leva para casa um celular de especificações equivalentes, mas com um sistema de câmeras único no mundo: quatro sensores que enxergam mais longe do que qualquer concorrente, graças ao zoom híbrido de 10x e máximo de 50x, além de fotos melhores se levarmos em conta a análise dos especialistas do DxOMark.
Afinal, qual vale mais a pena? Se você só quer um smartphone premium com as melhores especificações possíveis, o Xiaomi Mi 9 é o melhor custo-benefício. Em termos de desempenho, o aparelho é plenamente equiparável a qualquer concorrente e custa muito menos que o seu principal rival chinês. Só não tem a “melhor câmera do mundo”, mas tem um conjunto que está entre os cinco melhores.
É importante destacar que o Huawei P30 Pro tem vantagens que vão além da câmera. O celular será vendido oficialmente no Brasil, o que garante mais praticidade e comodidade na hora de comprar (você não precisa esperar semanas pela encomenda que vem do outro lado do mundo), e também segurança, visto que será coberto por todas as leis de proteção ao consumidor, incluindo o direito à troca, e um justo programa de garantia.
Para ter toda essa comodidade, segurança e a “melhor câmera do mundo” do Huawei P30 Pro, você só tem que estar disposto a pagar (muito) mais caro. Se não estiver, e preferir arriscar a importação, saiba que o Xiaomi Mi 9, pelo menos no papel, deixa nada ou muito pouco a desejar diante do seu principal concorrente.