Com os novos Pixel 3a e Pixel 3a XL, o Google quer chegar a todos, porém, isso não compreende os fãs brasileiros por enquanto. Mais do que isso, não existem notícias de quando um novo hardware da gigante das buscas chegará ao país. Quem afirmou isso foi o vice-presidente de produto do Google, o brasileiro Mario Queiroz.

Em entrevista aos repórteres da América Latina, durante o Google I/O 2019, Queiroz foi bem direto: “A nossa abordagem é crescer nos países em que já estamos, antes de ir além, pois para hardware existe um grande trabalho a se fazer, desde o atendimento ao cliente à logística de reparo. Como uma fabricante nova, nós estamos muito felizes de ver onde chegamos, mas temos que ter certeza de que estamos fazendo um ótimo trabalho nos países em que já estamos e crescer. É claro que queremos levar os Pixels para mais países possíveis, mas hoje não temos nada para anunciar [referente à América Latina]”.

Ainda de acordo com o brasileiro, isso não deve ser visto apenas pelo lado das taxas aplicadas no Brasil, pois existem outros fatores para adaptar um dispositivo em uma região. Porém, é claro que a taxação é um deles.

Logo, não significa que o Google esteja ignorando o Brasil, mas claramente estamos fora de campo neste momento. Durante o evento de abertura da conferência para desenvolvedores da empresa, foi dito que já temos 2,5 bilhões de dispositivos rodando Android ativos, mas o Google quer mais. Para isso, empoderar os usuários é importante e, por este motivo, a empresa está lançando os novos smartphones Pixel 3a em um dos maiores mercados do mundo, a Índia.

E essa atitude está coerente com o que Queiroz disse durante a sessão de perguntas, pois o Google já oferece a linha Pixel na Índia desde o anúncio do Pixel 3. O que não acontece no Brasil. Porém, esse fato pode ser positivo para que, no futuro, tenhamos a linha mais barata da série sendo comercializada no país, visto que o sucesso do Pixel 3a será decisivo para a comercialização deste em outros mercados.

E não se engane, a ideia do time do Pixel é obter sucesso com os smartphones acessíveis e, ao contrário daquilo que vemos na comercialização das variantes Premium, temos uma nova abordagem na distribuição dos novos aparelhos, que já estão disponíveis em vários varejistas online nos países quem que estão sendo vendidos.

Com a série Pixel, o Google fazia controle de estoque, mas agora as coisas estão mudando, muito disso é para popularizar o software da linha Pixel e serviços como a Inteligência Artificial (AI) da câmera, construída exclusivamente para estes aparelhos. Com isso, a gigante das buscas espera, inclusive, vender mais modelos Premium no futuro, visto que a linha pode se tornar mais atraente com a popularização dos modelos mais acessíveis.

O Brasil é um mercado muito importante para o Google, são milhares de usuários do Android no país, que utilizam o Assistente do Google com frequência e um dos países em que o Chromecast é extremamente popular, mesmo não tendo o mesmo custo benefício encontrado em outras regiões. Ontem, em entrevista ao The New York Times, Sundar Pichai, CEO do Google, criticou a posição da Apple em relação à preocupação com a privacidade dos usuários, especialmente, por conta da exclusividade dos produtos da empresa, dizendo que “a privacidade não pode ser um bem de luxo”.

Ao fazer isso, Pichai coloca a responsabilidade em cima do Google, enquanto empresa preocupada com o acesso à tecnologia. Logo, apensar da ausência de anúncios da divisão de hardware do Google para a América Latina, o Brasil sendo o quarto maior mercado de smartphones do mundo é inevitável que, em algum momento de 2020, tenhamos produtos como o Pixel 3a nas lojas do varejo. Mas, até lá, teremos que nos cotentar com as parceiras da gigante das buscas – como Motorola, Xiaomi, Huawei e Samsung – e seus produtos.


*a jornalista está em Mountain View a convite do Google.