A escolha de Donald Trump como próximo presidente dos Estados Unidos fez com que a imprensa — especialmente a especializada em tecnologia — local voltasse a falar sobre as consequências das bolhas ideológicas provocadas pela personalização do conteúdo que circula na internet. Além disso, os veículos também chamaram a atenção para o fato de que boa parte desse conteúdo nada imparcial conta com o agravante de ser falso, algo que não parecia incomodar as empresas por trás de serviços como Facebook e Twitter.
As polêmicas, entretanto, surtiram efeito, porque nessa segunda-feira, 14, tanto Google quanto Facebook anunciaram medidas para tentar reduzir o poder dos sites que fazem dinheiro com o desenvolvimento de chamadas e textos mentirosos. Segundo reporta a Reuters, ambas divulgaram comunicados informando que alterariam suas políticas de forma a impedir que tais sites usem seus sistemas de geração de anúncios publicitários.
Só que as medidas, embora importantes, ainda têm alcance limitado, porque nenhuma das empresas disse explicitamente que pretende trabalhar para diminuir o alcance desse tipo de link, elas apenas dificultarão a obtenção de dinheiro através das suas plataformas.
O Google, por exemplo, recentemente esteve nos holofotes porque imediatamente após a eleição nos EUA várias notícias falsas se infiltraram no seu buscador, onde apareciam com destaque. Isso não deve mudar, uma vez que basta usar sabiamente o conjunto de palavras que compõem o título de uma matéria e seu link conquista o ranking do buscador, ganhando certo status na internet.
Enquanto isso, Mark Zuckerberg já se pronunciou duas vezes desde a eleição para negar que o Facebook tenha alguma responsabilidade pelo resultado. Entretanto, o CEO admitiu que um pequeno percentual do que circula na rede social corresponde a notícias falsas. O Gizmodo noticiou ontem que a empresa até desenvolveu uma versão da News Feed que eliminaria esse problema, mas os funcionários ficaram com medo de implementá-la porque ela faria com que muito conteúdo conservador desaparecesse de lá, uma vez que boa parte do material falso presente no Facebook segue um viés ideológico mais direitista.
Além disso, de acordo com o site, instaurou-se uma cultura de medo no Facebook porque no começo deste ano o próprio Gizmodo descobriu que os Trending Topics da rede social eram administrados por pessoas — ou seja, influenciados por suas visões —, e não por algoritmos, como afirmava a empresa. Após o ocorrido, toda a equipe que cuidava do recurso foi demitida e robôs passaram a tomar conta da área, que foi instantaneamente tomada por notícias falsas.