GitHub enterra 21 TB de código-fonte no Ártico

Cópias de todos os projetos ativos na plataforma foram gravadas em filme plástico projetado para durar até mil anos, armazenado no fundo de uma mina de carvão no Ártico, a 250 metros de profundidade
Rafael Rigues22/07/2020 20h21, atualizada em 22/07/2020 20h24

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Em novembro passado a GitHub anunciou um projeto chamado GitHub Arctic Code Vault, um programa para preservar software Open Source para as futuras gerações em um arquivo físico, criado para durar mil anos ou mais.

O arquivo fica em Svalbard, na Noruega, na mesma montanha que abria um banco com mais de 1 milhão de amostras de sementes do mundo todo, criado para que possamos restabelecer nosso ecossistema, e os cultivos dos quais dependemos, em caso de uma catástrofe global.

No ano passado a GitHub já havia depositado no arquivo, construído no fundo de uma antiga mina de carvão, a 250 metros de profundidade, cópias dos 6 mil projetos Open Source mais importantes hospedados em sua plataforma. E na última quinta-feira (16) a empresa anunciou que arquivou cópias de todos os projetos ativos publicamente disponíveis.

Reprodução

Um dos contâineres que contém o arquivo de código-fonte do GitHub no Ártico, além de outros projetos. Foto: GitHub

São no total 21 Terabytes de código-fonte, digitalizados como imagens bidimensionais similares a um QR Code, em 186 rolos de um filme plástico desenvolvido especialmente para armazenamento de longo prazo, chamado piqlFilm. Ele foi originalmente projetado para durar ao menos 500 anos, mas com durabilidade estimada, segundo simulações, em ao menos o dobro disso.

Cada quadro de imagem no filme armazena 8,8 milhões de pixels. Uma mídia “física” foi escolhida por sua durabilidade superior a quaisquer outros meios magnéticos. “Ela pode sobreviver à exposição a campos eletromagnéticos extremos e passou por extensos testes de longevidade e acessibilidade”, diz a piql, empresa que criou o filme.

Mas código-fonte, por sí só, pode não ser muito útil se as futuras gerações não puderem compreender como ele funciona. Por isso a GitHub também pretende armazenar no cofre uma “árvore de tecnologia”, com a história técnica e o contexto cultural do conteúdo do arquivo.

Ela servirá como um guia para que gerações futuras entendam o que são os programas armazenados, em que ambiente eram usados e quais as tecnologias necessárias. Ela também incluirá “trabalhos que explicam as várias camadas de fundações técnicas que tornam possível o software: microprocessadores, redes, eletrônica, semicondutores e até tecnologias pré-industriais”, explica Julia Metcalf, diretora de programas estratégicos na GitHub.

“Isso permitirá que os herdeiros do arquivo compreendam melhor o mundo de hoje e suas tecnologias, e pode até ajudá-los a recriar computadores para usar o software arquivado”, disse.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital