Sindicatos de trabalhadores dos Correios deliberaram greve por tempo indeterminado nesta segunda-feira (17). As entidades decidiram iniciar a paralisação de abrangência nacional a partir das 22 horas de segunda-feira em locais de terceiro turno, e a partir desta terça-feira (18) para as demais localidades, afirma a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (FENTECT), em comunicado.

A organização diz que o movimento age contra a retirada de direitos dos trabalhadores, contra a privatização da estatal e em protesto à “negligência da companhia com a saúde dos trabalhadores” diante da pandemia de coronavírus. Entre os principais pontos de atrito está uma proposta dos Correios da revisão de benefícios dos trabalhadores.

De acordo com a FENTECT, foram cortados benefícios como licença maternidade de 180 dias, auxílio creche, vale alimentação e auxílio para filhos com necessidades especiais. Os grevistas também reclamam do aumento da participação dos trabalhadores no pagamento de planos de saúde.

A entidade diz que tenta dialogar com a direção dos Correios em torno das pautas desde o início de julho. “No entanto, além da empresa se negar a negociar, a categoria foi surpreendida desde o dia 1º de agosto com a revogação do atual Acordo Coletivo que estaria em vigência até 2021”, afirma a federação.

Acerca da desestatização dos Correios, a FENTECT argumenta que a empresa presta um serviço essencial e apresenta lucro comprovado. “Privatizar é impedir que milhares de pessoas possam ter acesso a esse serviço nos rincões desse país, de norte a sul, com custo muito inferior aos aplicados por outras empresas”, diz o comunicado.

Resposta dos Correios

Os Correios divulgaram nota em resposta à paralisação. A empresa diz que a proposta de revisão dos benefícios é amparada pela CLT e em outras legislações. Em referência à pandemia de Covid-19, a companhia afirma que “tem conseguido responder à demanda, conciliando a segurança dos seus empregados com a manutenção das suas atividades comerciais, movimentando a economia nacional.

A estatal argumenta que as conversas com as entidades sindicais seguiram o objetivo primordial de cuidar da sustentabilidade financeira dos Correios e proteger a empresa da crise financeira ocasionada pela pandemia.

“A diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da FENTECT, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.”, dizem Os Correios.

“Os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos”, afirma a empresa.

Via: G1