Físico encontra uma forma de impedir paradoxos na viagem no tempo

Segundo novo modelo matemático, eventos ao redor do viajante seriam "recalibrados" automaticamente para impedir mudanças no futuro
Rafael Rigues28/09/2020 12h55, atualizada em 28/09/2020 12h57

20200818054643

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Antes de mais nada, vamos deixar claro: viagens no tempo, com nossa tecnologia e conhecimento atual, não são possíveis. Isso não impede os cientistas de elaborar teorias sobre como torná-las reais, ou tentar desenvolver soluções para os problemas que o conceito apresenta, como o “paradoxo do vovô”.

Quem já assistiu “De Volta para o Futuro” conhece o conceito: Marty McFly volta no tempo, para a década de 50, onde acidentalmente impede o primeiro encontro de seu pai e sua mãe. Com isso, corre o risco de “desaparecer” (representado por uma foto dele com sua família, onde vai sumindo aos poucos) e precisa consertar a linha do tempo e reunir seus pais antes que seja tarde demais.

Uma solução proposta seria considerar um passado “imutável”, onde o viajante de alguma forma é impedido de realizar ações que possam resultar em um paradoxo, ou seja, não tem livre arbítrio. Um conceito difícil de aceitar, já que qualquer ação no passado poderia ter consequências imprevistas no futuro.

Um estudante de física chamado Germain Tobar, da Universidade de Queensland, na Austrália, publicou um artigo onde afirma ter chegado a um modelo matemático que resolve o problema. Sem entrar em detalhes, segundo ele o espaço-tempo pode se “adaptar” para evitar estes paradoxos.

O trabalho de Tobar foi supervisionado pelo Dr. Fabio Costa, da Universidade de Queensland. Segundo ele, os cálculos podem ter consequências “fascinantes” para a ciência. “A matemática é sólida – e os resultados parecem coisa de ficção científica”, disse o Dr. Costa.

“Digamos que você tenha viajado no tempo, em uma tentativa de impedir que o paciente zero do COVID-19 seja exposto ao vírus”, disse Tobar. “No entanto, se você impedisse que aquele indivíduo fosse infectado, isso eliminaria a motivação para você voltar e parar a pandemia em primeiro lugar”.

Com o novo modelo “você pode tentar impedir que o paciente zero seja infectado, mas, ao fazê-lo, você pegará o vírus e se tornará o paciente zero, ou outra pessoa o faria”, disse Tobar. “Não importa o que você fizesse, os eventos importantes seriam apenas recalibrados ao seu redor”.

“Isso significaria que – independentemente das suas ações – a pandemia ocorreria, dando ao seu eu mais jovem a motivação para voltar atrás e detê-la. “Por mais que tente criar um paradoxo, os acontecimentos sempre se ajustarão, para evitar qualquer inconsistência”.

Segundo Tobar “a gama de processos matemáticos que descobrimos mostra que a viagem no tempo como livre arbítrio é logicamente possível em nosso universo, sem qualquer paradoxo”.

Fonte: Universidade de Queensland

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital