Enquanto o mundo inteiro procura novas formas de diagnosticar a Covid-19 pela escassez de reagentes, pesquisadores nos Estados Unidos conseguiram encontrar um método novo e promissor. O Crispr, ferramenta de edição genética, foi capaz de detectar casos de infecção pelo coronavírus com 95% de precisão em apenas 40 minutos, reduzindo o tempo de espera, que antes era de cerca de cinco horas.

O processo foi publicado na revista científica Nature Biotechnology pelos cientistas da Universidade da Califórnia em San Francisco e da empresa de biotecnologia Mammoth Biosciences  no primeiro estudo sobre uso do Crispr a ser revisado por outros cientistas. O artigo cita o uso de um sistema batizado de Detectr para realizar essa detecção.

Como ferramenta de edição genética, a grande qualidade do Crispr é sua capacidade de fazer cortes e alterações no código genético, utilizando enzimas que podem ser manipuladas para encontrar partes específicas do DNA ou RNA. No caso do vírus da Covid-19, o Sars-Cov-2, bastou programar o sistema para caçar dois genes vinculados à doença em amostras de pacientes.

Em 40 amostras que já haviam sido confirmadas como positivas pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), o sistema conseguiu analisar corretamente 38 delas, com as outras duas apresentando falsos-negativos, com 95% de precisão. Já com 42 amostras comprovadamente negativas, o Detectr analisou todas corretamente, sem falsos-positivos.

O sistema tem algumas vantagens e desvantagens em comparação com os outros métodos mais convencionais. O ponto positivo é a agilidade; os resultados são rápidos e dependem de uma máquina pequena, do tamanho de uma calculadora gráfica. A parte negativa é a escalabilidade; o teste RT-PCR, que tem sido usado no mundo todo para detecção do vírus, pode levar horas e depender de uma máquina grande, mas ele é capaz de analisar várias amostras ao mesmo tempo, então ele é mais adequado para obtenção de resultados em maior escala.

De qualquer forma, novas técnicas de testagem usadas em conjunto com outras mais tradicionais podem ampliar a capacidade de detecção do vírus, especialmente para que seja possível encontrar melhor os casos mais leves ou assintomáticos.

Com os resultados, a Mammoth e a Universidade da Califórnia em San Francisco levarão a tecnologia para a Administração de Alimentos e Drogas dos Estados (FDA) para obter a aprovação para que o Detectr passe a ser utilizado de forma oficial para diagnóstico de Covid-19.