Aplicativos divertidos para celulares muitas vezes envolvem intenções ocultas e nefastas. Após investigação sobre um dos apps mais populares para manipulação de fotos, o FaceApp, o FBI acredita que não é possível recomendar seu uso por se tratar de uma “ameaça de contrainteligência”.
A investigação nasceu de uma queixa feita por membros do Partido Democrata nos Estados Unidos, que havia alertado pré-candidatos à presidência para não utilizarem o app; posteriormente, também solicitaram investigações, tanto do FBI, quanto da Comissão Federal do Comércio do país.
O FaceApp tornou-se popular por usar inteligência artificial para alterar fotos de maneiras criativas: deixando seus usuários com rostos mais novos ou mais velhos, alterando o gênero ou simplesmente “embelezando” a face. No entanto, a popularidade do aplicativo russo também chamou a atenção aos riscos de privacidade envolvendo a sua utilização, em especial pela sua nacionalidade, em um momento em que as relações entre EUA e Rússia se mantém turbulentas.
Segundo Chuck Schumer, líder dos democratas no Senado, o FBI deu um retorno sobre o pedido de investigação afirmando que qualquer aplicativo desenvolvido na Rússia é uma ameaça de contrainteligência em potencial.
A warning to share with your family & friends:
This year when millions were downloading #FaceApp, I asked the FBI if the app was safe.
Well, the FBI just responded.
And they told me any app or product developed in Russia like FaceApp is a potential counterintelligence threat. pic.twitter.com/ioMzpp2Xi5
— Chuck Schumer (@SenSchumer) 2 de dezembro de 2019
O relato do FBI, no entanto, não é necessariamente direcionado ao público comum, mas sim pensado em representantes governamentais e candidatos nos Estados Unidos. Ele se baseia na disputa política entre EUA e Rússia, e como o envio desses dados para um app russo pode oferecer vantagens ao governo de Putin para obtenção de informações sensíveis que possam resultar em benefícios ou acordos.
Isso dito, o FaceApp nega veementemente que os dados que coleta sobre os usuários sejam usados para tais fins. Primeiramente, os termos de uso do serviço afirmam com todas as letras que a empresa não vende ou compartilha dados do público com nenhuma outra empresa ou governo.
Há, no entanto, o risco de que o governo russo seja capaz de interceptar dados e roubá-los sem intervenção direta do FaceApp. Sobre isso, a companhia informou à Forbes que os dados são tratados em provedores de nuvem de terceiros (Amazon Web Services e Google Cloud Platform), e que foi determinado que essas empresas devem armazenar os dados de usuários em regiões que não possuem risco de interceptação russa. Na AWS, é determinado que dados de usuários dos EUA devem ficar em servidores no país, e, na plataforma do Google, a determinação é de que o armazenamento sempre seja feito o mais perto possível do usuário, independentemente do onde ele morar.