Falha na Nigéria interrompeu serviços do Google e derrubou parte da internet

Renato Santino13/11/2018 21h23, atualizada em 13/11/2018 22h30

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O Google enfrentou um problema grave na última segunda-feira, 12. O tráfego da empresa foi redirecionado para a China indevidamente, o que fez com que serviços da empresa e vários outros que dependem da plataforma de computação em nuvem da companhia, como foi o caso do Spotify, ficassem temporariamente indisponíveis.

A falha foi notada graças a duas empresas, a ThousandEyes e a BGPMon, que monitoram o mapa do tráfego de dados online. Eles notaram que as pessoas que tentavam acessar os serviços do Google estavam sendo direcionados para a China, o que não seria um comportamento normal da rede.

A desconfiança sobre uma ação proposital com fins malignos existe, mas o Google diz que não crê que a falha tenha se desenrolado com objetivos negativos, embora não revele quais plataformas foram afetadas nem quantos usuários foram atingidos. A justificativa que existe até o momento, no entanto, é curiosa: tudo começa com uma pequena operadora nigeriana chamada MainOne.

A explicação da MainOne à Reuters é de que, por um período de 74 minutos, houve uma falha de configuração em um filtro BGP (sigla para “Protocolo de Gateway de Fronteira”), equipamento que ajuda a direcionar o tráfego online para o lugar certo. Devido ao problema, o tráfego do Google acabou direcionado para uma parceira da MainOne, a China Telecom. Desde então, a empresa nigeriana disse ter estabelecido processos mais rigorosos para evitar que isso se repita.

No final da tarde de segunda-feira, o site Down Detector, que monitora a queda de serviços online com base nos relatos de usuários, reportou uma série de falhas simultâneas, indicando que os serviços foram afetados com a disrupção do tráfego do Google e sua plataforma de nuvem. Entre elas estavam serviços como Spotify, Snapchat, Gmail, YouTube TV e Discord. Também foram encontrados problemas no jogo Rocket League. Tudo isso em um espaço de 10 minutos, o que indica que as falhas têm relação entre si.

Esse tipo de falha é interessante para ver como a estabilidade de serviços online muitas vezes não dependem somente da empresa responsável graças ao modo como a internet funciona. Não é a primeira vez que operadoras de internet pelo mundo têm falhas em seus filtros BGP, e o próprio Google já foi alvo de um problema similar no ano passado, quando seu tráfego foi direcionado indevidamente para a Rússia.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital