Facebook bloqueia live de usuário que queria transmitir o próprio suicídio

Francês com doença incurável pretendia, com a transmissão ao vivo, chamar a atenção para a questão da morte assistida após ter eutanásia negada
Equipe de Criação Olhar Digital07/09/2020 14h00

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O Facebook bloqueou, no sábado (5), uma transmissão ao vivo feita por um francês que sofre de uma doença incurável. Alain Cocq, 57, usou sua condição para chamar atenção sobre a lei do direito de morrer na França e anunciou que transmitiria seu fim em live na rede social.

De acordo com a agência de notícias Agence France-Press, Alain Cocq tem um problema de saúde que faz com que suas artérias fiquem grudadas. O homem parou de comer e beber na noite de sexta-feira (4) e planejava transmitir sua morte ao vivo no dia seguinte.

“Nossos corações estão com Alain Cocq e aqueles que são afetados por esta triste situação”, disse ao The Verge a porta-voz do Facebook, Emily Cain. “Embora respeitemos sua decisão de chamar a atenção para este assunto complexo e difícil, com base na orientação de especialistas, tomamos medidas para impedir que Alain transmita ao vivo, já que não permitimos a representação de tentativas de suicídio”.

Em julho, Cocq escreveu uma carta ao presidente da França, Emmanuel Macron, pedindo permissão para “morrer com dignidade”, usando “assistência médica ativa”, segundo a CNN. Na carta, Cocq afirmou estar de bom juízo, mas “aleijado pelo sofrimento”. Macron respondeu que admirava a “notável força de vontade” de Cocq, mas disse que não poderia atender seu pedido.

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Cocq havia pedido, em julho, ao presidente da França, Emmanuel Macron, permissão para “morrer com dignidade”. Imagem: Frederic Legrand – COMEO/Shutterstock

Lei da eutanásia

A eutanásia é ilegal na França, e a lei do país proíbe sedação profunda que deixe o paciente inconsciente até o momento de sua morte, exceto em condições específicas. No entanto, os cidadãos franceses podem decidir interromper o tratamento médico, e a lei do país não prevê indiciar pessoas por suicídio, de acordo com a CNN.

Para mostrar ao país a “agonia” causada pela lei em seu estado atual, Cocq planejou a transmissão de sua morte em seu perfil na rede social. Ele espera que sua luta seja lembrada como um passo para mudar a legislação na França.

Após saber que o Facebook bloqueou sua transmissão, Cocq afirmou que buscaria outra maneira de publicar seu vídeo ao vivo, conforme relatado pela AFP.

Via: The Verge