Fabricantes estão com GPUs encalhadas após bolha das criptomoedas murchar

Renato Santino19/11/2018 22h01, atualizada em 19/11/2018 23h00

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O burburinho em torno das criptomoedas que se viu principalmente no final do ano passado parece ter morrido. Essa situação deixou alguns efeitos colaterais bastante desagradáveis para um grupo de empresas em especial: as fabricantes de placas de vídeo que contavam com a empolgação com mineração das moedas para alavancar suas vendas.

O site Digitimes relata que as taiwanesas Asus e Gigabyte estão com dificuldade de lidar com o estoque excessivo de GPUs após acelerarem a produção no início de 2018 contando com o boom da bitcoin e de outras moedas similares. O que as empresas não contavam é que o mercado veria uma desvalorização brutal ao longo de 2018, reduzindo consideravelmente o interesse pela mineração, já que o custo para manter um equipamento dedicado passou a não compensar diante das recompensas cada vez mais baixas.

Para referência, a Bitcoin atingiu seu maior valor em dezembro do ano passado, beirando os US$ 20.000. No momento em que este texto é escrito, a Bitcoin é negociada a US$ 4.840. Já a Ethereum, mais acessível aos entusiastas da mineração caseira, chegou a valer mais de US$ 1.300, mas hoje é negociada a US$ 150.

Reprodução

É compreensível a aposta das empresas no mercado das criptomoedas. Ao longo de 2017, uma situação bastante comum era ver lojas com as placas de vídeo esgotadas e o mercado secundário bombando, com usuários vendendo suas GPUs usadas por preços muito mais altos do que o de compra. Diante desse cenário, as fabricantes viram a oportunidade de alavancar suas vendas aumentando a produção, o que se provou uma estratégia perigosa.

Como resultado, a Asus anunciou uma queda no faturamento de 43% na comparação entre o terceiro trimestre de 2018 e o mesmo período do ano passado, enquanto os números da Gigabyte foram os mais fracos desde 2008.

O impacto também foi sentido pela Nvidia, que também anunciou uma queda brutal nas vendas de placas de vídeo; as projeções da empresa para o segundo trimestre deste ano eram de US$ 100 milhões em “receitas específicas de produtos de criptomoedas”, mas os números anunciados em agosto ficaram apenas em US$ 18 milhões. Para comparação, no primeiro trimestre do ano, os valores estavam na casa de US$ 289 milhões. Diante disso, a empresa passou a considerar desprezível o impacto de criptomoedas nas vendas de placas de vídeos.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital