Esperma de 100 milhões de anos é encontrado em Mianmar

A amostra - a mais antiga já encontrada - pertence a um crustáceo do Cretáceo, e foi totalmente preservada em âmbar
Renato Mota16/09/2020 16h53

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Um pedaço de âmbar – como aquela que John Hammond usa para extrair sangue de dinossauros de um mosquito em “Jurassic Park” – foi encontrado contendo um outro tipo de fluido corporal. Em um artigo publicado na Proceedings of the Royal Society, pesquisadores revelam ter descoberto a amostra de esperma animal mais antiga já registrada.

Os espermatozoides em questão, com mais de 100 milhões de anos, pertencem à uma espécie de crustáceo chamado ostracoda – um camarãozinho de 0,6 milímetros que existe até hoje. O âmbar, que é a seiva de uma árvore fossilizada, capturou 39 ostracodos, entre machos e fêmeas, do período Cretáceo.

Uma grande vantagem da preservação em âmbar é que conservou os tecidos moles dos crustáceos, inclusive seus órgãos sexuais. E no caso particular dos ostracodos, seus espermatozoides são bem grandes – várias vezes maior do que o espermatozoide humano – apesar do seu tamanho milimétrico.

Por meio de uma tomografia, os pesquisadores conseguiram reconstruir o ostracoda de 100 milhões de anos atrás. Vídeo: Wang, He/Matzke-Karasz, Renate/Horne, David J./Zhao, Xiangdong/Cao, Meizhen/Zhang, Haichun

Dessa forma, os pesquisadores encontraram óvulos e receptáculos femininos cheios de esperma na amostra coletada. “O fato de os receptáculos seminais da fêmea estarem em um estado expandido devido ao preenchimento com esperma indica que a cópula bem-sucedida ocorreu pouco antes de os animais ficarem presos no âmbar”, escrevem os autores no artigo.

Em 2014, ostracodos de água doce (e seus espermatozoides) de 16 milhões de anos foram descobertos em uma caverna na Austrália. A nova amostra, descoberta em Mianmar, a precede em 83 milhões de anos e é pelo menos duas vezes mais velha do que o mais antigo esperma animal fóssil.

De acordo com os pesquisadores, em mais de 100 milhões de anos, a reprodução do ostracodos permaneceu praticamente a mesma, “um exemplo supremo de estase evolutiva”.

Yang Dinghua/NIGPAS

Reconstrução artística de um casal de ostracodos em acasalamento. Imagem: Yang Dinghua/NIGPAS

Via: ScienceAlert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital